Trata-se de um estudo transversal que teve como objetivo primário estimar a prevalência de relatos de disfunções do assoalho pélvico (DAP), aspectos psicológicos (estado de autoestima, ansiedade, depressão) e qualidade de vida (QV) entre pacientes que realizam fisioterapia no Centro de Reabilitação (CER) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP). Os objetivos secundários foram verificar se existe relação entre os relatos de DAP e os aspetos psicológicos e QV, e apresentar ao HCFMRP um relatório da pesquisa com sugestões de plano de ação para abordar os problemas encontrados neste estudo. Foram incluídos participantes maiores de 18 anos de idade, do sexo masculino ou feminino que estavam em atendimento fisioterapêutico no CER e que aceitaram voluntariamente participar da pesquisa. Foram excluídos os participantes que apresentaram dificuldade na compreensão da entrevista, não responderam todos os questionários e participantes que estavam em atendimento fisioterapêutico no setor de reabilitação do assoalho pélvico. Foram aplicados questionários traduzidos e validados para o português, destinados a avaliar sintomas de DAP incluindo incontinência urinária (Internacional Consultation on Incontinence Questionare- Short Form - ICIQ-SF), incontinência fecal (Fecal Incontinence Quality of life), constipação intestinal (Critérios de Roma IV), função sexual masculina (Quociente Sexual - versão masculina) e feminina (Índice de Função Sexual Feminina). Para avaliar ansiedade, depressão, autoestima e QV foram aplicados os seguintes questionários: Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, Escala de Autoestima de Rosenberg e Questionário de Avaliação de Qualidade de Vida. O teste Qui-quadrado foi utilizado para estabelecer a associação das variáveis qualitativas entre mulheres e homens. O Coeficiente de correlação de Pearson foi utilizado para correlacionar os escores do ICIQ-SF, da função sexual masculina e feminina com os escores de autoestima, depressão, ansiedade e QV. Para estabelecer a relação entre ter ou não pelo menos uma DAP com aspetos emocionais e possíveis fatores de risco, foi utilizado um modelo de regressão logística binária, com processo de seleção backward de variáveis. Foram incluídos 243 participantes, sendo 144 mulheres e 109 homens. Foi verificada uma alta prevalência de relatos de DAP, 59% das mulheres e 27,5% dos homens relataram ter pelo menos uma DAP. As mulheres apresentaram prevalência maior do que os homens nos relatos de incontinência urinária (27,8%), constipação intestinal (25%) e risco de disfunção sexual (75%). Também houve maior prevalência nas mulheres quanto aos sintomas de baixa autoestima (15,3%), ansiedade (47,2%) e depressão (34%); e foi observado que há relação entre estes sintomas e as DAP. Além disso, nas mulheres e nos homens encontrou-se que os domínios de aspectos emocionais, capacidade funcional, dor e aspectos físicos apresentaram piores valores de QV, além de pior vitalidade só para as mulheres. Adicionalmente encontrou-se que nos idosos, ser mulher e ter piores escores de vitalidade, aumentou a possibilidade de ter DAP.

This is a cross-sectional study with the primary aim of estimating the prevalence of reports of pelvic floor dysfunction (PFD), psychological aspects (state of self-esteem, anxiety, depression) and quality of life (QoL) among patients undergoing physical therapy in the Rehabilitation Center (RC) at the Clinics Hospital of Ribeirão Preto Medical School (CH-RPMS). The secondary objectives were to verify whether there is a relationship between the reports of PFD and the psychological and QoL aspects, and to present to CH-RPMS a research report with suggestions for action plans to tackle the problems found in this study. Male and female participants over 18 years of age who were in physical therapy at RC and who voluntarily accepted to participate in the research were included. Participants who had difficulty understanding the interview, did not answer all the questionnaires and participants who were in physical therapy in the pelvic floor rehabilitation sector were excluded. Questionnaires translated and validated into Portuguese were applied to assess symptoms of PFD including urinary incontinence (International Consultation on Incontinence Questionnaire- Short Form - ICIQ-SF), fecal incontinence (Fecal Incontinence Quality of life), intestinal constipation (Rome criteria IV), male sexual function (Sexual Quotient - male version) and female sexual function (Female Sexual Function Index). The following questionnaires were applied to assess anxiety, depression, self-esteem and QoL: Hospital Anxiety and Depression Scale, Rosenberg's Self-Esteem Scale and Health Survey Short Form 36-item. The Chi-square test was used to establish the association of qualitative variables between women and men. Pearson's correlation coefficient was used to correlate the ICIQ-SF, male and female sexual function scores with the self-esteem, depression, anxiety and QoL scores. To establish the relationship between having or not at least 1 PFD with emotional aspects and possible risk factors, a binary logistic regression model was used, with a backward selection process of variables. A total of 243 participants were included in the study, 144 women and 109 men. A considerable prevalence of PFD was found, 59% of women and 27.5% of men reported having at least 1 PFD. Women had a higher prevalence than men in reports of urinary incontinence (27.8%), constipation (25%) and risk of sexual dysfunction (75%). There was also a higher prevalence in women regarding symptoms of low self-esteem (15.3%), anxiety (47.2%) and depression (34%); and it was also observed that there is a relationship between these symptoms and PFD. In addition, in women and men it was found that the domains of emotional aspects, functional capacity, pain and physical aspects have worse QoL values, besides that to worse vitality only in women. Additionally, it was found that the elderly, being a woman and individuals with worse aspects of vitality, are more likely to have PFD.