Atualmente na literatura há um gap quanto ao conhecimento da função sexual de pessoas trans. Esse estudo teve como objetivo avaliar a função sexual dessa população. Uma amostra de pessoas trans frequentadoras do ambulatório de incongruência de gênero do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto foi convidada a participar desse estudo transversal. Todos que aceitaram participar da pesquisa tinham incongruência de gênero. O Inventário de Função Sexual Feminina (FSFI) e o Inventário de Função Sexual Masculina (MSFI) foram usados para avaliar a função sexual de homens (58) e mulheres (48) trans. Além disso, os participantes responderam a um questionário semiestruturado que acessou os sentimentos com relação à condição trans e a satisfação com a vida sexual. Dados clínicos foram acessados por meio do prontuário médico. Em comparação com as mulheres trans, os homens tiveram resultados melhores no escore total do FSFI (P=0.01), e nos domínios de excitação (P=0.01), lubrificação (P=0.01), orgasmo (P=0.01) e satisfação (P=0.01). Além disso, eles também obtiveram melhores escores no questionário MSFI, tanto no escore total (P=0.01), como nos domínios de ereção (P=0.01), excitação (P=0.01), orgasmo (P=0.01) e satisfação (P=0.01). Em suma, os escores de homens e mulheres nos questionários FSFI e MSFI são de risco para disfunção sexual, mesmo os homens trans apresentando melhores escores que as mulheres. Porém, na avaliação semiestruturada mais da metade dos homens e quase metade das mulheres estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida sexual.

There is a gap in the knowledge of the sexual function of transgender people. This study aimed to evaluate the sexual function in this population. A sample of transgender (trans) people from the Gender Incongruence Clinic was invited to participate in this cross-sectional study. All those that accepted to participate had gender incongruence (GI). The female sexual function index (FSFI) and male sexual function index (MSFI) were used to assess Sexual Function (SF) in both female (n=38), and male (n=48) participants. In addition, participants responded to a semi-structured questionnaire to assess their feelings towards their trans condition, and about their satisfaction within their sexual life. Clinical data was assessed from medical records. Relative to trans-women, trans-men had a higher total FSFI score, and higher scores in the FSFI domains of arousal, lubrication, orgasm, and satisfaction (all P < 0.01). The trans-men also had a higher total MSFI score, and higher scores in the MFSI domains of arousal, erection, orgasm, and satisfaction (all P < 0.01). A separate semi-structured evaluation indicated that more than half of the trans-men and almost half of the trans-women were satisfied or very satisfied with their sexual life.