Introdução: A síndrome metabólica (SM) é um distúrbio metabólico comum que ocorre no período pré-gestacional e é um fator determinante de complicações na gravidez, no pós-parto e ao longo do ciclo vital, contribuindo para desfechos perinatais adversos. Existem poucos estudos sobre a associação entre SM durante o início da gravidez e resultados perinatais. Objetivo: Estudar a associação entre SM durante a gestação e tamanho ao nascer em duas coortes de conveniência, em Ribeirão Preto (RP) e São Luís (SL). Métodos: Estudo de coorte iniciado em 2010 durante o pré-natal (22-25 semanas de gestação) que envolveu 1370 pares mães/filhos em RP e 1382 em SL. No pré-natal, as mães foram avaliadas por meio de questionários, coleta de sangue, medidas antropométricas e de pressão arterial e foram definidas como portadoras ou não de SM, de acordo com uma adaptação dos critérios NCEP-ATP III. Os recém-nascidos (RN) foram classificados, de acordo com as curvas de Intergrowth 21, para peso e comprimento, em: baixo peso (peso =p10 e <=p90), alto peso (peso >p90); baixo comprimento (comprimento =p10 e <=p90) e alto (comprimento >p90). Foi construído um modelo teórico por meio de Gráficos Acíclicos Direcionados, no qual, além de SM na gestação e de peso e comprimento ao nascer, foram indicadas as variáveis: paridade materna, nível socioeconômico materno, tabagismo durante a gestação e realização de pré-natal. Foi aplicada análise de regressão multinomial, não ajustada e ajustada, com nível de significância de 5%. Resultados: 4,5% mães apresentaram SM durante a gestação e foram encontrados 9,2% de RN com peso p90; 12,3% com comprimento p90. Na análise multinomial ajustada, peso ao nascer >p90 foi associado com SM (RR 2,91; IC 95% 1,84-4,60), não fumar durante a gestação (RR 2,07; 1,16-3,70) e multiparidade (RR 1,54; 1,19-1,99); realização de prénatal atuou como fator protetor (RR 0,58; 0,37-0,93). Comprimento ao nascer >p90 também foi associado com SM (RR 1,71; 1,05-2,80) e não fumar durante a gestação (RR 2,01; 1,13-3,57). Conclusões: Síndrome metabólica assim como não fumar na gestação foram associados a macrossomia fetal (peso e comprimento ao nascer >p90). Multiparidade e ausência de pré-natal estiveram associadas com alto peso ao nascer. Os achados demonstram que o cuidado com a saúde materna é fundamental para o bem-estar do recém-nascido.

Introduction: Metabolic syndrome (MS) is a common metabolic disorder that occurs in the pre-pregnancy period and is a determinant of complications in pregnancy, postpartum and throughout the life cycle, contributing to adverse perinatal outcomes. There are few studies on the association between MS during early pregnancy and perinatal outcomes. Objective: To study the association between MS during pregnancy and size at birth in two convenience cohorts, in Ribeirão Preto (RP) and São Luís (SL). Methods: Cohort study initiated in 2010 during prenatal care (22-25 weeks of gestation) involving 1370 mother/child pairs in RP and 1382 in SL. In the prenatal period, mothers were evaluated through questionnaires, blood collection, anthropometric measurements and blood pressure and were defined as having or not MS, according to an adaptation of the NCEP-ATP III criteria. Newborns (NB) were classified, according to the INTERGROWTH standard, for weight and length, as: low weight (weight p90); short length (length p90). A theoretical model was built using Directed Acyclic Graphs, in which, in addition to MS during pregnancy and birth weight and length, the following variables were tested: maternal parity, maternal socioeconomic level, smoking during pregnancy and prenatal care. Multinomial regression analysis, unadjusted and adjusted, with a significance level of 5%, was applied. Results: 4.5% mothers had MS during pregnancy and 9.2% of newborns were found with weight p90; 12,3% with length p90. In the adjusted multinomial analysis, birth weight >p90 was associated with MS (RR 2.91; 95% CI 1.84-4.60), not smoking during pregnancy (RR 2.07; 1.16-3.70) and multiparity (RR 1.54; 1.19-1.99); prenatal care acted as a protective factor (RR 0.50; 0.37-0.93). Length at birth >p90 was also associated with MS (RR 1.71; 1.05-2.80) and not smoking during pregnancy (RR 2.01; 1.13-3.57). Conclusions: Metabolic syndrome as well as not smoking during pregnancy were associated with fetal macrosomia (weight and length at birth >p90). Multiparity and lack of prenatal care were associated with high birth weight. The findings demonstrate that maternal health care is essential for the newborn's well-being.