O propofol é um dos anestésicos endovenosos mais utilizados em todo mundo. Suas propriedades anestésicas permitem que ele seja usado tanto para anestesias realizadas em centro cirúrgico quanto em procedimentos ambulatoriais. Contudo, os efeitos hipotensores associados ao propofol são cerne de preocupações entre anestesiologistas e demais médicos, visto que a hipotensão pode ser deletéria no pós-operatório ao aumentar a incidência de eventos isquêmicos cardiogênicos, delirium em pacientes idosos e despertar prolongado com retardo do retorno ao estado pré-anestésico. O gene TRPA1, presente no endotélio vascular, contribui para o efeito vasodilatador dos anestésicos, a citar o propofol. No presente estudo, testou-se a hipótese de que os polimorfismos rs920829, rs16937976 e rs13218757 do gene TRPA1 modulem os efeitos do propofol sobre parâmetros hemodinâmicos, quando analisados genótipos e haplótipos. Este estudo analisou 200 pacientes com medidas iniciais da pressão arterial e frequência cardíaca no momento 0'. Administrou-se então uma dose de 2 mg/kg de propofol e colheram-se os valores de pressão arterial e frequência cardíaca nos minutos 2, 4 e 10. Uma amostra de sangue foi colhida no momento 0' e 10'. Os resultados mostraram que para dois dos polimorfismos estudados (rs16937976 e rs13218757), houve maior queda na pressão arterial sistólica, média e diastólica para os genótipos homozigotos dominantes. Considerando-se os haplótipos, a menor queda nos valores de pressão arterial foi para o haplótipo CGA. Para os diferentes genótipos e haplótipos estudados, não se encontrou relação entre uma queda mais significativa da pressão arterial e um aumento dos níveis de NOx, nitrato e nitrito. Em relação à variação da frequência cardíaca, nenhum dos polimorfismos estudados apresentou alteração significativa. Com o melhor conhecimento genético da população e de como as medicações atuam nos pacientes, é possível planejar no futuro anestesias com menores efeitos colaterais mantendo o objeto clínico de cada medicação.

Propofol is one of the most widely used intravenous anesthetics worldwide. Its anesthetic properties allow it to be used both for anesthesia performed in the operating room and in outpatient procedures. However, the hypotensive effects associated with propofol are of concern among anesthesiologists and other physicians, as hypotension can be deleterious in the postoperative period by increasing the incidence of cardiogenic ischemic events, delirium in elderly patients and prolonged awakening with late return to the state preanesthetic. The TRPA1 gene, present in vascular endothelium, contributes to the vasodilator effect of anesthetics, including propofol. In the present study, it was tested the hypothesis whether the TRPA1 gene polymorphisms rs920829, rs16937976 and rs13218757 modulate the effects of propofol on hemodynamic parameters, when analyzing genotypes and haplotypes. This study analyzed 200 patients with baseline blood pressure and heart rate measurements at time 0'. A 2 mg/kg dose of propofol was then administered and blood pressure and heart rate values were collected at 2, 4 and 10 minutes. A blood sample was taken at time 0' and 10'. The results showed that for two of the studied polymorphisms (rs16937976 and rs13218757), there was a greater drop in systolic, mean and diastolic blood pressure for the dominant homozygous genotypes. Considering the haplotypes, the lowest drop in blood pressure values was for the CGA haplotype. For the different genotypes and haplotypes studied, there was not a relationship between a more significant drop in blood pressure and an increase in the levels of NOx, nitrate, and nitrite. Regarding heart rate variation, none of the studied polymorphisms showed significant change. With the best genetic knowledge of the population and of how medications work in patients, it is possible to plan anesthesia in the future with fewer side effects, keeping the clinical goal of each medication.