A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é uma estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Primária a Saúde (APS) no Brasil. A APS é considerada como a principal porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS). Desde março de 2020, quando o estado pandêmico foi declarado, a cidade de Ribeirão Preto reorganizou as suas ações de saúde para combater esta doença. As unidades de saúde foram aconselhadas a cancelar consultas de rotina, visitas domiciliares, e a manter uma agenda protegida para pré-natal, puerpério, cuidados infantis (até um ano de idade), doenças crónicas descompensadas, citologia, mamografia e exames alterados. A reorganização potencializou a identificação e gestão dos casos de COVID-19. Durante este período, foi realizado um inquérito epidemiológico na cidade para estimar a prevalência de infecções por SARs-CoV-2, e foi identificada a oportunidade de incluir questões relacionadas à APS. O objetivo deste estudo é comparar as modalidades de APS (equipe SF versus equipe AP) em relação a características sociodemográficas, condições de saúde autorreferidas e afiliação aos serviços de saúde. Foi selecionada para o estudo uma amostra aleatória de setores censitário e domicílios. Em cada distrito sanitário, o número de participantes foi proporcional à dimensão da população. A população do estudo era constituída por indivíduos com mais de 28 dias de vida, residentes na zona urbana de Ribeirão Preto. Durante a primeira fase do estudo, foram entrevistados 714 pacientes; durante a segunda fase, foram entrevistados 643 pacientes, 71 pacientes foram perdidos e excluídos da análise. Na segunda fase, foi aplicado um questionário sociodemográfico complementar, contendo perguntas sobre a utilização e a afiliação dos usuários aos serviços de saúde, utilizando o PCATool como referência. Qui quadrado, Fisher e razão de prevalência foram as análises realizadas, utilizando o software R versão 4.1.1 (2021). Observou-se uma preponderância feminina em relação à população padrão. A maioria dos participantes tinha entre 40 e 69 anos de idade, e apenas uma pequena percentagem era analfabeta ou não instruída. Observamos uma proporção invertida em relação às projeções do IBGE, indicando que a maioria dos participantes no estudo não dependem do SUS. O número de participantes abrangidos pelas equipes AP (eAPs) é superior ao das equipes SF (eSFs). Os médicos privados ou planos de saúde eram os principais prestadores de cuidados de saúde, seguidos pelas unidades básicas e depois pelo pronto atendimento. Ao observar o serviço principal como unidade de saúde, a probabilidade de um indivíduo usar esse serviço é maior em unidades exclusivas de eSFs do que em unidades exclusivas de eAPs. As eSFs têm a maior proporção de participantes que sabem identificar a unidade mais próxima da sua residência ou que já a utilizam. Estes resultados indicam principalmente que os entrevistados pertencentes às áreas de abrangência das eSFs apresentam melhores conhecimentos sobre a localização das unidades de saúde e relatam um melhor vínculo com elas. Isto pode ter implicações diretas para os cuidados de saúde desta população, bem como melhores indicadores, destacando a ESF como principal estratégia para a reorganização da atenção primária no Brasil.

The Family Health Strategy (ESF) is a priority strategy for reorganizing primary health care (APS) in Brazil. Primary care is regarded as the main entry point to the Unified Health System (SUS). Since March 2020, when the pandemic state was declared, the city of Ribeiro Preto has reorganized its health actions to fight this disease. Health units were told to cancel routine appointments, home visits, and to maintain a protected agenda for prenatal, puerperal, childcare (up to one year of age), decompensated chronic diseases, pap smear, mammography, and abnormal tests. The reorganization maximized identification and management of COVID-19 cases. During this time period, an epidemiological survey was conducted in the city to estimate the prevalence of SARS-CoV-2 infections, and the opportunity to include PHC-related questions was identified. The purpose of this study is to compare PHC modalities (ESF team versus APS team) with respect to sociodemographic characteristics, self-reported health conditions, and health service affiliation. A random sample of census tracts and residences were selected for the study. In each sanitary district, the number of participants was proportional to the population size. The study population consisted of adults with more than 28 days of life who resided in the urban area of Ribeiro Preto. During the first phase of the survey, 714 patients were interviewed; during the second phase, 643 patients were interviewed, and 71 patients were lost and excluded from the analysis. Regarding the second phase, a supplementary sociodemographic questionnaire was administered, containing questions about the utilization of health services and the users' affiliation with the services, using the PCATool as a point of reference. Chi Square, Fisher, and relative risk analyses were conducted using R version 4.1.1 software (2021). We observed a female preponderance relative to the standard population. The majority of participants were between the ages of 40 and 69, and only a small percentage were illiterate or uneducated. We observed an inverted proportion compared to IBGE projections, indicating that the majority of study participants do not rely on SUS. The number of participants covered by APS teams (eAPs) is greater than that of eSF teams (eSFs). Private physicians or health insurance plans were the primary providers of health care, followed by basic health units and then emergency health care. When observing the primary service as the basic health unit, the likelihood of an individual receiving this service is greater in exclusive eSFs than in exclusive eAPs. eSFs has the highest proportion of participants who are able to identify the unit closest to their residence or who already utilize it. These findings primarily indicate that interviewees from demographic areas covered by eSFs have a better understanding of the location of health basic units and report a stronger connection with the eSF team. This may have direct implications for the health care of this population and improved health indicators, highlighting the contribution of ESF as the primary strategy for reorganizing primary care in Brazil.