Entre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (SDG) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), o quinto chama a atenção para a igualdade de gênero. A desigualdade de gênero é fruto de séculos de opressão feminina e desvalorização da mulher, sendo perpetuado até os dias atuais. Dentro do ambiente científico, o cenário não é muito melhor. Já o terceiro SDG preconiza a vida saudável e o bem-estar para todos. Um indicador dessa meta é a "razão de mortalidade materna", que reflete o grau de desenvolvimento econômico e social e as condições das mulheres nas sociedades. Ela está relacionada as inequidades de gênero, oferta e acesso à educação feminina, ao sistema de saúde e intervenções adequadas. A tecnologia da informação e comunicação (TIC) aplicada na área da saúde, tem um grande potencial. A ONU considera essa ferramenta com uma parte integral da agenda de implementação da cobertura universal de saúde. Este trabalho tem por objetivo apresentar três estudos de caso com TICs no contexto de gênero e saúde materna: (i) coleta automatizada de dados para avaliação do sexismo na Universidade de São Paulo (USP), (ii) avaliação da satisfação de gestantes com uma estratégia de educação em saúde usando um sistema automatizado de distribuição de SMS (PRENACEL) e (iii) modelagem matemática para atualizar medidas de referências de avaliação das taxas de cesárea (C-Model). Nossos resultados sugerem que: (i) em relação ao sexismo científico na USP, embora a universidade esteja desenvolvendo ações para promover a igualdade de gênero, as desigualdades persistem. (ii) Com relação à avaliação da satisfação das mulheres com o a estratégia PRENACEL, observa-se que um elevado grau de satisfação das usuárias. (iii) Com relação a atualização do C-Model, nossos achados sugerem que o novo modelo não apresenta resultados superiores ao C-Model original. Conclui-se que a interdisciplinaridade entre os métodos computacionais, as questões de gênero e a saúde coletiva permite novas perspectivas e avanços. Essa mesma abordagem pode ser expandida a outras perguntas, outras áreas, avançando a ciência e o cuidado de forma integral a todos os indivíduos.

Among the 17 Sustainable Development Goals (SDG) defined by the United Nations (UN), the fifth draws attention to gender equality. Gender inequality is the result of centuries of female oppression and devaluation of women and has been perpetuated to the present day. Within the scientific environment, the scenario is not much better. The third SDG advocates healthy living and well-being for all. An indicator of this goal is the "maternal mortality ratio", which reflects the degree of economic and social development and the conditions of women in societies. It is related to gender inequities, provision and access to female education, the health system, and appropriate health interventions. Information and communication technology (ICT) applied in the health field has great potential. The UN considers this tool to be an integral part of the agenda for implementing universal health coverage. This paper aims to present three case studies with ICTs in the context of gender and maternal health: (i) automated data collection for the evaluation of sexism at the University of São Paulo (USP), (ii) evaluation of the satisfaction of pregnant women with a health education strategy using an automated SMS distribution system (PRENACEL) and (iii) mathematical modeling to update reference measures for cesarean rate assessment (C-Model). Our results suggest that: (i) in relation to scientific sexism at USP, although the university is developing actions to promote gender equality, inequalities persist. (ii) Regarding the evaluation of women's satisfaction with the PRENACEL strategy, it is observed a high degree of user satisfaction. (iii) Regarding the update of the C-Model, our findings suggest that the new model does not present superior results to the original C-Model. It is concluded that the interdisciplinarity between computational methods, gender issues and collective health allows new perspectives and advances. This same approach can be expanded to other questions, other areas, advancing science and care in an integral way to all individuals.