Sabe-se que os portadores de esquizofrenia (ESQ) e de transtorno afetivo bipolar (TAB), constituem um grupo de risco para o desenvolvimento de alterações nutricionais, alimentares e metabólicas, justificadas na maioria das vezes pelo tratamento medicamentoso e pelas mudanças de vida ocorridas com os mesmos após o surgimento de doença. Estudos desenvolvidos ao longo dos anos mostram que esses pacientes apresentam aumento de peso, alterações da taxa metabólica basal, na ingestão alimentar, nos níveis de leptina e grelina e síndrome metabólica. Diante disso o objetivo do presente trabalho foi conhecer o perfil alimentar, nutricional e metabólico dos portadores de TAB e ESQ, em tratamento com psicofármacos. A amostra foi composta por 54 pacientes, perfazendo um total de 31 com ESQ (24H e 7M) e 23 com TAB (5H e 18M). Foram realizadas medidas antropométricas de peso, altura, circunferência abdominal (CA) e cálculo do IMC (Índice de Massa Corporal). A avaliação da composição corporal foi realizada através do método de bioimpedância elétrica (BIA) e a avaliação bioquímica e metabólica foi realizada através da glicemia a insulina de jejum e lipidograma. Para avaliar a presença de SM foram considerados os critérios adotados pelo NCEP/ATP III. O consumo alimentar foi avaliado pela aplicação de 2 recordatórios de 24h e de 1 registro alimentar de 3 dias. Para verificar possíveis mudanças na vida dos pacientes após surgimento da doença foram aplicados 2 questionários com questões relacionadas a alterações na rotina, peso, apetite e consumo alimentar. Os resultados demonstraram alto índice de pacientes sem atividade laboral (74,1%), sem atividade física (68,5%), com aumento do apetite (62,9%) e aumento do peso (79,6%). Os pacientes com TAB apresentaram 25,8% de obesidade, 73,9% de obesidade abdominal e 34,8% de SM. Entre os pacientes com ESQ foi encontrado 45,1% de obesidade, 51,6% de obesidade abdominal e 41,9% de SM. Os pacientes com ESQ apresentaram piores valores de VLDL, triglicérides e glicemia (34,7±15,9 vs 26,3±11,1; 224,4±171,4 vs 131,1±54,8; 89,9±9,4 vs 85,0±8,1) respectivamente. Os pacientes com ESQ do sexo feminino apresentaram piores IMC e CA quando comparadas as pacientes com TAB do sexo feminino (33,3±2,3 vs 29,2±5,9; 108,2±4,2 vs 94,8±12,8). Entre os pacientes com TAB e ESQ do sexo masculino não foram encontradas diferenças significantes. Os usuários de antipsicóticos atípicos apresentam mais alterações na composição corporal e bioquímicas dos que os usuários de outras classes medicamentosas. Não foram observadas diferenças na ingestão de nutrientes entre os 2 grupos de pacientes. Esses resultados demonstram que esses pacientes, apresentam alterações na rotina diária, alta prevalência de obesidade e SM, compreendendo assim um grupo de risco para o desenvolvimento de alterações metabólicas e cardiovasculares, sendo necessário estabelecer precocemente estratégias de tratamento que permitam prevenir ou atenuar essas complicações.

lt is known that patients with schizophrenia (SCH) and bipolar disorder (BD) are a group of risk to develop nutritional, metabolic, and dietary alterations due most times to pharmacological therapy and changes of lifestyle at the onset of their disease. Studies performed demonstrate that such patients present weight gain, alterations in the resting metabolic rate, food intake, in the levels of leptin and ghrelin, and metabolic syndrome. The scope of the present study was to establish the nutritional-metabolic-dietary profile of patients with SCH and BD undergoing pharmacological therapy. The sample was made up of 54 patients with 31 patients with SCH (24 males and 7 females) and 23 patients with BD (5 males and 18 females). Anthropometric measurements were taken of weight, height, waist circumference (YVC) and BMI (Body lndex Mass). The assessment of body composition was performed through the bioelectrical impedance and the biochemical and metabolic assessment was done through glucose and insulin fasting and lipid profile. To evaluate the metabolic syndrome the criteria adopted by the NCEP/ATP III were considered. The food intake was studied through daily-diet surveys. ln order to verify changes in the lives of the patients two questionnaires were utilized with questions about changes in their routine, weight, appetite and food intake. The results demonstrated a high percentage of unemployment (74.1%), low physical activity (75,9%), increase in appetite (62.9%), and weight gain (79.6%). The patients with DB presented 25.8% of obesity, 73.9% of abdominal obesity, and 34.8% of metabolic syndrome. Among the patients with SCH was found 45.1% with obesity, 51.6% with abdominal obesity, and 41.9% with metabolic syndrome. The patients with SCH presented worse values of VLDL, triglycerides and glucose (34,7±15,9 vs 26,3±11,1; 224,4±171,4 vs 131,1±54,8; 89,9±9,4 vs 85,0±8,1) respectively. The female patients with SCH had worse BMI and WC when compared to the female patients with BD (33,3±2,3 vs 29,2±5,9; 108,2±4,2 vs 94,8±12,8). Among the male patients with BD and SCH was not found significant differences. The users of atypical antipsychotic presented more alterations in their body composition and biochemistry than the users of other types of psychotic medication. No difference of nutrients intake was found between the two groups of patients. These results indicate that these patients present alterations in their daily routine, high prevalence of obesity and metabolic syndrome, thus becoming a risk group for the development of metabolic and cardiovascular alterations, being necessary to establish early on strategic treatment to prevent or attenuate these complications.