Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é reconhecida como um problema global de saúde pública. De acordo com o estadiamento da DRC é determinado o tipo de tratamento: conservador ou terapia renal substitutiva. Vários estudos na literatura sugerem que pacientes com DRC apresentam alteração de paladar para um ou mais dos cinco sabores básicos (doce, salgado, amargo, azedo e umami) quando comparados com indivíduos saudáveis. Assim, esclarecer a percepção do paladar e sua relação com o estado nutricional na doença renal crônica pode possibilitar novas estratégias de intervenção nutricional, visando a recuperação do estado nutricional neste grupo. Objetivo: Avaliar as percepções do paladar em pacientes com Doença Renal Crônica e sua relação com ingestão alimentar e estado nutricional. Métodos: Estudo de caráter observacional transversal com pacientes de idade entre 18 a 60 anos, ambos os sexos, em tratamento conservador, hemodiálise ou diálise peritoneal e um grupo controle saudável. Todos passaram por avaliação antropométrica, de composição corporal e funcionalidade muscular. Realizaram também um teste de percepção do paladar para os cinco sabores básicos. Para os pacientes com DRC, foram analisados os exames bioquímicos. Resultados: Os indivíduos com DRC apresentam capacidade reduzida no reconhecimento de todos os sabores quando comparados a pessoas sem a doença. Os sabores mais prejudicados no reconhecimento foram azedo, amargo e umami. Não houve diferença na percepção de paladar nos diferentes tipos de tratamento da DRC. Todos os pacientes com DRC apresentam sinais e sintomas que interferem na ingestão alimentar, sendo que aqueles que realizavam hemodiálise evitavam com maior frequência a ingestão de alguns alimentos. Em relação ao estado nutricional, a maioria dos pacientes apresentou Índice de Massa Corporal de eutrofia, entretanto 69% apresentavam aumento de circunferência da cintura indicando acúmulo de gordura na região abdominal. Isso se confirma na análise da bioimpedância, onde todos os grupos com DRC apresentavam maiores taxas de Massa Livre de Gordura e menores índices de Massa Gorda. Não houve correlação entre o estado nutricional e o paladar. Conclusão: Os pacientes com DRC apresentam diferenças na percepção do paladar quando comparados com pessoas sem a doença. Apresentam também maiores taxas de gordura corporal quando comparados com indivíduos saudáveis. Não houve correlação do estado nutricional com a percepção de paladar.

Introduction: Chronic Kidney Disease (CKD) is recognized as a global public health problem. Depending on the stage of CKD, the type of treatment is determined: conservative or renal replacement therapy. Several studies in the literature suggest that patients with CKD present a change in taste for one or more of the five basic flavors (sweet, salty, sour and umami) when compared to healthy individuals. Thus, to clarify the taste perception and the relationship with nutritional status in chronic kidney disease will permit new strategies for nutritional intervention, aiming to recovery of nutritional status in this group. Objective: To evaluate taste perception in patients with Chronic Kidney Disease and the relationship with food intake and nutritional status. Methods: Observational cross-section study with patients aged 18 to 60 years, both sexes, under conservative treatment, hemodialysis or peritoneal dialysis and a health control group. All underwent anthropometric assessment, body composition and muscle functionality. They also conducted a taste perception test for the five basic flavors. For patients with CKD, biochemical exams were analyzed. Results: Individuals with CKD have reduced ability to recognize all flavors when compared to people without the disease. The most impaired flavor in the recognition were sour, bitter and umami. There was no difference on the taste perception in different types of CKD treatment. All patients with CKD show signs and symptoms that influence with fodd intake, and those underwent hemodialysis avoided the intake of some foods more frequently. Regarding nutritional status, most patients had eutrophic Body Mass Index, however 69% had increased waist circumference indicating accumulation of fat in the abdominal region. This is confirmed in the bioimpedance analysis, where all groups with CKD had higher Fat Free Mass rates and lower Fat Mass rates. There was no correlation between nutritional status and taste. Conclusion: CKD patients have differences in taste perception when compared to people without the disease. They also have higher rates of body fat when compared to healthy individuals. There was no correlation between nutritional status and perception of taste.