A avaliação do estudante, na maioria dos cursos de graduação da saúde no Brasil, compõe-se predominantemente de exames somativos, com foco nos conhecimentos, sendo usualmente da responsabilidade dos professores. A avaliação formativa, como fomento ao aprendizado, parece ser ainda pouco frequente e há indícios de que muitos professores não dominam completamente as diversas técnicas de devolutiva (feedback). A configuração de sistemas estruturados que integram as informações obtidas nas avaliações não é a regra. O Centro de Desenvolvimento Docente para o Ensino da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, criou uma linha de trabalho na qual tem oferecido programas de Desenvolvimento Docente (DD), com foco na construção de sistemas e programas institucionais de avaliação do estudante, com destaque à avaliação formativa. A participação nessas atividades de DD de centenas de professores das profissões da saúde de diferentes instituições, ofereceu oportunidade ímpar para atingir os objetivos de determinar as percepções, o grau de domínio inicial e o acréscimo na aprendizagem deles sobre conceitos e práticas da avaliação, bem como os efeitos dessa participação em seus cursos. Esse estudo, com enfoque quantitativo e qualitativo, teve duas etapas. A primeira consistiu na análise retrospectiva de informações obtidas a partir de instrumentos estruturados usados nas Oficinas: i) Autoavaliação do participante sobre seu conhecimento antes e após as atividades de DD; ii) Apreciação da qualidade das atividades de DD; iii) Diagnóstico situacional das condições em que, naquele momento, se dava a avaliação do estudante nos cursos envolvidos. Na segunda etapa, cerca de um ano após, os participantes com funções de gestão foram convidados a preencher novo questionário sobre a situação da avaliação dos estudantes, após as ações de DD. Nessa fase, todos os professores participantes das Oficinas também foram convidados a responder um novo questionário eletrônico, visando obter mais informações sobre os efeitos dessas capacitações em suas práticas. Além disso, os participantes foram convidados a participar de entrevista semiestruturada, para aprofundar a obtenção de dados sobre os impactos das atividades de DD. Os resultados mostraram percepções altamente positivas quanto à organização e ao programa das Oficinas, bem como sobre o papel dos facilitadores, o que tornou o ambiente favorável à aprendizagem. Foram notados ganhos nos conhecimentos relativos à avaliação do estudante, desde a preparação e aplicação até sua devolutiva, com feedbacks mais assertivos, centrados no desempenho dos aprendizes. A relação professor-aluno também melhorou, trazendo mais confiança à medida que os critérios de avaliação passaram a ser compartilhados. Houve percepções de avanço nas práticas docentes em geral e o entendimento de que emergiram comunidades colaborativas de práticas, ajudando a avançar na discussão nas instituições, ainda que embrionária, de sistemas integrados de avaliação. Cerca de um ano após o seu oferecimento, os efeitos das ações de DD continuavam a ser percebidos como construtivos e duradouros, pelas transformações que foram empreendidas, tanto no âmbito individual, quando no das organizações, não apenas quanto à avaliação do estudante, mas também em vários aspectos institucionais e da vida profissional e até mesmo pessoal dos envolvidos.

Student assessment, in most undergraduate health courses in Brazil, is predominantly composed of summative tests, focusing on knowledge, and it is usually the responsibility of the teachers. Formative assessment, as a means of promoting learning, still seems to be infrequent and there are indications that many teachers do not completely master several feedback techniques. The configuration of structured systems that integrate information from assessment is uncommon. The Faculty Development Center for Teaching at the of Ribeirão Preto Medical School, University of São Paulo, Brazil, proposed a line of work in which Faculty Development (FD) programs are offered, focusing on building institutional systems and programs for student assessment, with emphasis on the formative purpose. The participation in these FD activities of hundreds of teachers of courses in the health professions from different institutions, offered the opportunity to achieve the objectives of determining the degree of initial mastery and the increase in their learning about student assessment principles and practices, as well as the effects of participation in their courses and workshops. This study, with a quantitative and qualitative approach, had two stages. The first consisted of a retrospective analysis of information transmitted from structured instruments used in the workshops: i) Participant's self-assessment of their knowledge before and after the FD activities; ii) Assessment of the quality of FD activities; iii) Situational diagnosis of the conditions under which, at that moment, student assessment was carried out in the courses involved. In the second stage, about a year later, the participants with management functions were invited to fill in again another form about the status of the students' assessment, after the FD activities. In this phase, all teachers who participated in the workshops were also invited to answer a new electronic questionnaire, aiming to obtain more information about the effects of these training courses on their practices. In addition, participants were invited to participate in a semi-structured interview, in order to deepen the collection of data on the impacts of FD activities. The results showed highly positive perceptions regarding the organization and program of the workshops, as well as the role of the facilitators, which made the environment positive. Gains were noted in knowledge related to student assessment, from preparation and application to feedback on results, with more assertive ones, centred on the performance of learners. The teacher-student relationship also improved, bringing more confidence as the assessment criteria began to be shared. There were perceptions of progress in teaching practices in general and the understanding that collaborative communities of practices have emerged, helping to advance the discussion, although emergent, of integrated assessment systems in the institutions. About a year after its offering, the effects of the FD activities continued to be perceived as lasting, due to the transformations that were undertaken, both at the individual level and at the level of organizations, not only in terms of student assessment, but also in various institutional aspects and the professional and even personal life of those involved.