Ao longo de sua trajetória a humanidade alterou drasticamente a paisagem circundante sob a justificativa de prover suas necessidades de abrigo e alimento. Dessa negligência em relação aos aspectos físicos e ecológicos do território derivam muitos dos problemas ambientais presentes nas cidades atuais: enchentes, desmoronamentos, poluição de rios e córregos, entre outros. A presente pesquisa busca promover a reflexão a respeito de tais transformações, em especial no que tange a relação da cidade com seus rios. Considerando-se que a água, inicialmente vista como fator primordial aos assentamentos humanos, transforma-se em elemento indesejável, passando a correr esquecida e poluída, muitas vezes sob os eixos viários, é de fundamental importância discorrer sobre este percurso, ainda que de forma breve. Essa abordagem se justifica pelo fato de que a exclusão de rios e córregos da paisagem das cidades é, na atualidade, uma das consequências mais visíveis da perda da leitura da natureza como valor. Assim, primeiramente investiga-se a evolução da dicotomia homem-natureza e seus consequentes desdobramentos no que tange à ecologia das cidades. Posteriormente, aborda-se alguns dos conceitos mais importantes para o entendimento dos processos da paisagem e seu consequente planejamento, analisando sua contribuição na conformação de um novo paradigma de cidade, mais resiliente e apta ao enfrentamento das mudanças climáticas. Entre os conceitos abordados, destaca-se a Infraestrutura Verde, considerada o estado da arte do planejamento ecológico da paisagem por se configurar como ferramenta capaz de transformar o espaço das cidades, reconectando as pessoas com os ciclos e fluxos naturais. Como estudo de caso, a pesquisa foca na bacia do córrego Corumbé, situada na Macrorregião Norte 2 do município de São Paulo-SP, para onde são propostas diretrizes de infraestrutura verde com o intuito de contribuir para a criação de uma comunidade em harmonia com os processos naturais e, portanto, mais resiliente.

Throughout its trajectory, humanity has drastically changed the surrounding landscape under the justification of providing its needs for shelter and food. Many environmental problems present in today's cities are derived from this neglect in relation to the physical and ecological aspects of the territory: floods, landslides, pollution of rivers and streams, among others. This research seeks to promote reflection on such transformations, especially those regarded to the city's relationship with its rivers. Considering that water, initially seen as a primary factor in human settlements, becomes an undesirable element, starting to run forgotten and polluted, often under the road axes, it is of fundamental importance to discuss this subject, albeit briefly. This approach is justified by the fact that the exclusion of rivers and streams from the cities' landscape is currently one of the most visible consequences of the loss of the perception of nature as a value. Thus, firstly, the evolution of the man-nature relationship and its consequences for the ecology of cities is investigated. Subsequently, some of the most important concepts for the understanding of landscape processes and their planning are addressed, analyzing their contribution in shaping a new city paradigm, more resilient and able to face climate changes. Among the concepts studied, Green Infrastructure stands out, considered as the state of the art of ecological landscape planning because it is configured as a tool capable of transforming cities, reconnecting people with natural cycles and flows. As a case study, the research focuses on the Corumbé stream basin, located in the Macrorregião Norte 2 of São Paulo, where green infrastructure guidelines are proposed in order to contribute to the creation of a community in harmony with natural processes and, therefore, more resilient.