A História da Urbanização de São Paulo foi um problema de pesquisa abordado por uma série de estudiosos. De forma geral, ela é apresentada em duas fases bem definidas: uma primeira concentrada no século XVII até 1705 e uma segunda retomada depois da Restauração da Capitania em 1765, estendendo-se pelo século XIX. No período correspondente à primeira metade do século XVIII não houve a criação de novas vilas devido a questões de ordem econômica e demográfica relacionas ao gold rush. Assim, a presente tese busca compreender, em longa duração e em diversas escalas de análise, um processo interrupto de urbanização da Capitania. Para isso, lançamos mão do conceito de urbanização de Nestor Goulart Reis Filho, permitindo uma visada mais ampla do fenômeno urbano, abrangendo núcleos urbanos considerados insignificantes por sua pequenez ou mesmo vestígios de ocupação humana ligados às demandas urbanas e o conceito de sistema urbano, no qual as dinâmicas dos núcleos podem ser explicadas pelo papel que ele cumpria dentro da rede urbana em que estavam inseridos. Também utilizamos o conceito de jogos de escala de Bernard Lepetit quando afirma que a escala de análise é a escolha de um ponto de vista de conhecimento e quando se altera a ótica também se altera o nível de informação, mas não o objeto. Desse modo, cada escala apresentou um problema específico que foi resolvido por meio da análise de um conjunto de documentos, tais como mapas, gravuras, ofícios, inventários post-mortem, Maços de População, impostos prediais etc. Com isso, buscamos investigar, na escala macro territorial da Capitania e, principalmente, na primeira metade do século XVIII, outras formas urbanas, sobretudo, a constituição de uma rede de freguesias. Também buscamos compreender, nessa escala, que a criação de vilas nunca acontece no vazio e, nesse sentido, houve uma multiplicidade de agentes que participaram da criação de vilas para além dos funcionários mais diretamente ligados à administração colonial. Depois, passamos a abordar o tema da urbanização numa escala menor, recortando São Luiz do Paraitinga e os papeis que ela cumpria nas lógicas macro territoriais. A questão das diretrizes pombalinas para a fundação de vilas na América Portuguesa é abordada à luz das pré-existências e da participação dos colonos como agentes modeladores da cidade. Também, seu intraurbano foi estudado na perspectiva da Arqueologia da Paisagem, investigando as lógicas de seu crescimento e alteamento, suas sociotopografias e os fatores econômicos e sociais envolvidos na constituição do núcleo. Por fim, realizamos um estudo sobre a economia da vila de São Luiz a fim de entender quais eram as redes mercantis em que os luizenses estavam inseridos e como isso repercutia na materialidade do núcleo que hoje é patrimônio nacional e um dos principais conjuntos históricos do Estado de São Paulo.

The issue of the History of Urbanization in São Paulo was a research problem addressed by a number of scholars. In general, it's presented in two well-defined phases: a first concentrated in the 17th century until 1705, and a second one resumed after the Restoration of the Captaincy in 1765, extending throughout the 19th century. In the period corresponding to the first half of the 18th century, no new villages were created due to economic and demographic issues related to the gold rush. Thus, this thesis seeks to understand, over a long period of time and at various scales of analysis, an interrupted process of urbanization of the Captaincy. For this, we used Nestor Goulart Reis Filho's concept of urbanization, allowing a broader view of the urban phenomenon, covering urban centers considered insignificant due to their smallness or even vestiges of human occupation linked to urban demands and to the concept of urban system, in which the dynamics of the nuclei can be explained by the role it played within the urban network in which it was inserted. We also use Bernard Lepetit's concept of scale games when he says that the scale choice is relative to a determinate point of view and when the optics are changed, the level of information is also changed, but not the subject. In that way, each scale presented a specific problem that was solved by analyzing a set of documents, such as maps, prints, crafts, post-mortem inventories, demographic documents ("Maços de População"), property taxes, etc. We sought to investigate, on the macro territorial scale of the Captaincy and, mainly, in the first half of the 18th century, other urban forms, above all, the constitution of a network of parishes. We also discuss, on this scale, that the creation of villages never happens in a vacuum and, in that sense, there were a multiplicity of agents participating in this process, besides the employees most directly linked to the colonial administration. Then, we began to address the issue of urbanization on a smaller scale, cutting out São Luiz do Paraitinga and the roles it fulfilled in macro-territorial logics. The question of Pombaline guidelines for the foundation of villages in Portuguese America is approached in the light of pre-existences and the participation of settlers as modeling agents of the city. Its intra-urban area was studied from the perspective of Landscape Archeology, investigating the logic of its growth and elevation, sociotopographs, the economic and social factors involved in the constitution of the nucleus. Finally, we carried out a study on the economy of the village of São Luiz in order to understand what were the commercial networks in which the townspeople were inserted and how it reflected on the materiality of the nucleus that today is national heritage and one of the main historical groups of the State from São Paulo.