A presente pesquisa tem como objetivo a leitura da paisagem urbana da cidade de São Paulo tendo como estudo de caso as três centralidades de São Paulo: Centro-Histórico, Paulista e Berrini. A paisagem urbana referida neste trabalho é a paisagem construída pelo homem - o que os geógrafos chamam de Paisagem Cultural e o que a antropologia, no campo da etnografia chama de Paisagem Etnográfica: a paisagem resultante da dinâmica das ações cotidianas dos atores sociais no espaço urbano repleta de indícios culturais. A leitura desta Paisagem urbana Cultural ou Etnográfica é feita nesta pesquisa sob a visão de um "observador treinado" - o arquiteto - apto a identificar os possíveis "pontos imagísticos" - pontos referenciais que incentivam a formação da imagem pública da cidade, a imagem (a aparência) que a cidade ou um determinado ponto da cidade tem para um mesmo grupo sócio-econômico de indivíduos. O observador treinado nesta pesquisa está vinculado ao papel do arquiteto e o processo de registro de pontos imagísticos se dá através de registros em fotografia e desenho condicionados pelo uso e experiência cotidiana no processo de delimitação da imagem da cidade - da imagem pública urbana. A pesquisa é dividida basicamente em duas partes: parte teórica e parte experimental. Na primeira parte são apresentadas as bases teóricas que fundamentam esta pesquisa: os pontos imagísticos de Kevin Lynch; a visão serial e a teoria da navegação de Gordon Cullen; os Axiomas para a Leitura da Paisagem Cultural de Lewis; a Teoria do Urbanismo Cotidiano e incursões nos trabalhos fundamentais de Certau e Lefébvre. Complementando as bases teóricas, são apresentadas a situação sócio-política da metrópole contemporânea envolvida nos processos de globalização e a especificidade da situação da cidade de São Paulo principalmente quanto ao processo de expansão do núcleo central em três centralidades: Centro-Histórico, Paulista e Berrini definidas como estudo de caso e suas evoluções históricas, sociais, culturais e políticas. Na parte experimental, são apresentados os ensaios in loco dos objetos - estudos de caso desenvolvidos em 3 etapas: visita e prospecção da área, somados a registros fotográficos; visita e desenvolvimento de desenhos de observação seletivos e desenhos de memória. A visitas iniciais nas áreas e os ensaios fotográficos foram feitos com a intenção de ter registrado os primeiros impactos "imagísticos" dos temas em pesquisa. Tomando como método a visão serial colocada por Cullen em "A Paisagem Urbana" (1960), foram então desenvolvidos os ensaios (desenhos de observação) que deram, na verdade, partida a esta pesquisa: uma série de registros em ordem sistemática - as visões seriais - tomando um objeto como foco ou às vezes divergindo o conceito e seguindo a orientação de uma via ou de um eixo urbano, ou às vezes seguindo a orientação perceptual de algum elemento da paisagem (pontos imagísticos). Sendo assim, foram desenvolvidos os ensaios em três áreas distintas da cidade: as três centralidades de São Paulo caracterizadas aqui por eixos: 1. Centro Histórico - tendo como abordagem o eixo leste-oeste (Elevado Presidente Costa e Silva/Avenida São João - Avenida Alcântara Machado) e pelo eixo norte-sul (Avenida Prestes Maia/Avenida Tiradentes - Av 23 de maio), que se interceptam no Centro Histórico tomando como objeto de foco da visão serial o Edifício Altino Arantes (Edifício do Banespa-Banco do Estado de São Paulo; 2. Av. Paulista (Av. Paulista e Rua Augusta); 3. Avenida Luiz Carlos Berrini/Marginal do Rio Pinheiros. Os desenhos de observação desenvolvidos são seletivos, pois à medida que se desenvolvem os registros, existe a preocupação por parte do observador treinado em capturar os objetos que mais chamam a atenção e que de certa forma estão contribuindo para a formação da imagem mental da cidade, ou seja, os pontos imagísticos como intitulou Kevin Lynch no livro "A imagem da cidade". Os pontos imagísticos - os pontos que fortalecem a formação da imagem da cidade - definidos por ele podem ser: vias, marcos, pontos nodais, limites e bairros. No decorrer deste trabalho abrimos o "leque" das definições pré-concebidas por Lynch abrangendo sub-categorias que aparecem também como pontos imagísticos em uma escala menor dentro do contexto urbano cotidiano trivial; como por exemplo, um marco - uma referência na paisagem tanto pode ser um edifício como pode ser um veículo de comunicação visual - um out-door, como também pode ser qualquer outro simples elemento da vida cotidiana urbana; fato que acontece com o backlight existente sobre o Edifício Avenidas registrado nos desenhos do 1o. eixo em 1998, mas que já não existe mais lá retirando-se a idéia de marco, ponto de referência ou talvez transportando esta referência ao edifico, ou ao novo backlight - mas o mais importante - introduzindo o conceito de tempo ao espaço cotidiano.Após o desenvolvimento dos desenhos de observação foram desenvolvidos então, os desenhos de memória. Estes registros supostamente qualificam os verdadeiros pontos imagísticos que de uma forma ou de outra, de forma benéfica ou maléfica, estão compondo uma imagem para um observador treinado podendo representar supostamente o que seria a imagem pública formada naquela determinada área. Concluindo, estes pontos que formaram a imagem mental, e que caracteriza cada uma das áreas, são os elementos intimamente vinculados ao uso cotidiano e constituem os dados analisados, identificados e/ou questionados nesta pesquisa em relação à sua importância como dados de um espaço cotidiano no processo de design.

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