Na literatura da Nova Economia Institucional, o desenvolvimento econômico de longo prazo é explicado, sobretudo, pela existência de normas e regras que propiciam a garantia dos direitos de propriedade. Uma vez que estes sejam garantidos, os agentes econômicos teriam incentivos para realizar investimentos físicos e humanos. Em outras palavras, os indivíduos e firmas no nível microeconômico respondem aos estímulos e, de outro lado, são desencorajados a realizar determinada transação devido às regras do jogo vigente. O processo de inovação e empreendedorismo, vitais para a criação da riqueza, portanto, sofre grande influência das instituições que regem a economia. Nesse sentido, esta tese tem como objetivo analisar como as instituições influenciam a criação de valor, por parte dos indivíduos e das empresas, por meio do fomento à inovação e do empreendedorismo. Para desenvolver tal objetivo, este estudo foi estruturado em três artigos. No primeiro artigo, foi desenvolvido o conceito de quase-renda institucional, definido como a diferença entre a renda gerada em determinada norma institucional e o valor gerado diante de uma regra alternativa ou ausência dela. Dada a sua existência e a influência que ela tem sobre o valor dos ativos das organizações, as firmas movem seus instrumentos de poder para ter controle sobre esse fator, por exemplo por meio de lobbying e financiamento de campanha eleitoral. No segundo artigo, a influência das instituições na criação de valor foi analisada por meio das chances de o indivíduo empreender. As instituições foram examinadas sob o prisma do conceito de Zona de Impermeabilidade Legal. Ela acontece quando os custos de acessar o sistema legal, por meio de pagamento das custas processuais, advogados e outros recursos não pecuniários, excedem o valor esperado do pleito. Os resultados obtidos por meio da técnica de regressão logística e instrumental, com mais de 1,8 milhão de observações, mostraram que elas causam impacto negativo somente no estrato mais pobre da população. No terceiro artigo, foi investigado como as instituições influenciam a geração de novos produtos e processos, por intermédio da Inovação Aberta. Por meio do modelo de regressão logística e do modelo Biprobit, os resultados apontaram que estar em um ambiente em que há forte proteção dos direitos de propriedade é um elemento crucial para a adoção da Inovação Aberta, pois as instituições reduzem as incertezas que surgem durante o processo de inovação e ajudam a mitigar comportamentos oportunistas, os ligados ao fornecimento de informação e aos free riders. De forma geral, foi demonstrado que as instituições influenciam o valor das firmas diretamente quando, por exemplo, proíbem ou obrigam o emprego de determinado atributo e, indiretamente, ao dar incentivos ao empreendedorismo e à inovação. A originalidade desta tese reside no fato de apresentar um novo conceito (quase-renda institucional) que ajuda a entender o motivo de agentes buscarem influenciar a formulação de novas regras. Além disso, foi abordado um novo tipo de custo de transação, o de Zona de Impermeabilidade Legal, e utilizado um grande conjunto de dados para analisar o surgimento do empreendedorismo. Por fim, outra novidade foi a de se considerar a Inovação Aberta como um tipo de formas plurais e utilizar um banco de dados de alcance mundial para analisar a influência das instituições na sua adoção. As implicações sociais dos achados estão em instrumentalizar os formuladores de políticas públicas para o fato de que a redução dos custos de transação é fundamental para incentivar a inovação e o empreendedorismo. Mais do que isso, passa-se a inserir na análise as discrepâncias de renda em uma dada sociedade quanto à capacidade de acessar as instituições

In the literature of New Institutional Economics, long-term economic development is primarily explained by the existence of norms and rules that ensure property rights. Once these rights are guaranteed, economic agents have incentives to make physical and human investments. In other words, individuals and firms at the microeconomic level respond to incentives and, on the other hand, are discouraged from engaging in certain transactions due to existing rules of the game. The process of innovation and entrepreneurship, crucial for wealth creation, therefore, greatly depends on the institutions that govern the economy. In this sense, this thesis aims to analyze how institutions influence value creation by individuals and firms through the promotion of innovation and entrepreneurship. To achieve this objective, this study is structured into three articles. The first article develops the concept of institutional quasi-rent, defined as the difference between the income generated under a specific institutional norm and the value generated under an alternative rule or its absence. Given its existence and influence on the value of organizational assets, firms employ various power instruments to control this factor, such as lobbying and campaign financing. The second article analyzes the influence of institutions on value creation by examining the likelihood of individuals engaging in entrepreneurship. Institutions are examined through the concept of the Zone of Legal Impermeability. This occurs when the costs of accessing the legal system, such as court fees, lawyers, and other non-pecuniary resources, exceed the expected value of the claim. The results obtained through logistic regression and instrumental techniques, using over 1.8 million observations, show that institutions have a negative impact only on the poorest stratum of the population. The third article investigates how institutions influence the generation of new products and processes through Open Innovation. Using logistic regression and Biprobit models, the results indicate that being in an environment with strong protection of property rights is crucial for the adoption of Open Innovation, as institutions reduce the uncertainties that arise during the innovation process and help mitigate opportunistic behaviors related to information provision and free-riding. In general, it is demonstrated that institutions directly influence firm value when, for example, they prohibit or mandate the use of certain attributes, and indirectly through incentives for entrepreneurship and innovation. The originality of this thesis lies in presenting a new concept (institutional quasi-rent) that helps understand why agents seek to influence the formulation of new rules. Additionally, it addresses a new type of transaction cost, the Zone of Legal Impermeability, and utilizes a large dataset to analyze the emergence of entrepreneurship. Furthermore, it considers Open Innovation as a form of pluralism and employs a globally comprehensive database to analyze the influence of institutions on its adoption. The social implications of these findings lie in equipping policymakers with the understanding that reducing transaction costs is crucial to encourage innovation and entrepreneurship. Moreover, the analysis includes income disparities within a given society in terms of accessing institutions