A sociedade se encontra atenta à atuação das empresas, sendo essas julgadas a todo o momento pelas atividades que realizam e pelas tomadas de decisões adotadas pela administração, principalmente aquelas que impactam diretamente os seus stakeholders. Nesse contexto, as empresas familiares não se encontram isentas de cumprirem suas responsabilidades perante a sociedade. Pelo contrário, a cobrança por serem cada vez mais socialmente responsáveis pode ocorrer fortemente pela própria família, o que acabaria por influenciar suas decisões de negócios. Esse aumento na movimentação por ações socialmente responsáveis corroborou para o crescimento de um dos tipos de investidores sociais privados: os de origem familiar. As ações de ISP que buscam gerar soluções que sejam de interesse público nas esferas social, ambiental, cultural e científica, por meio da transferência voluntária de recursos financeiros de modo sistemático, planejado e monitorado a organizações ou programas/projetos da sociedade civil (Brettas, 2017a), têm se destacado no ecossistema das empresas familiares. A governança da família empresária e da empresa familiar, por meio de estruturas e processos formais de governança, além de contribuir no fortalecimento do relacionamento entre os membros da própria família e entre a família e a empresa, também exerce um papel fundamental na gestão do ISP. A partir do exposto, este estudo buscou responder ao seguinte problema de pesquisa: O que leva as empresas de controle familiar e famílias empresárias a se engajarem em ações de investimento social privado? A premissa seria que as empresas familiares e famílias empresárias sejam motivadas principalmente por objetivos não econômicos no tocante às ações de investimentos sociais privados (ISP). Foi realizada uma pesquisa qualitativa e exploratória, com o intuito de entender as motivações de empresas familiares e famílias empresárias para a realização de ações de ISP. A estratégia de pesquisa adotada trata-se de um estudo de casos múltiplos, contando com a investigação de cinco casos. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e documentos secundários. As análises foram realizadas por meio da técnica de análise de conteúdo, com o auxílio do software Atlas.ti e da análise de documentos. Os principais resultados apontaram para: (1) a importância dos valores, do envolvimento da família e do alinhamento de propósitos para a realização de ISP; (2) a diversidade de motivações das empresas familiares e famílias empresárias para o envolvimento em ações de ISP, que podem estar relacionados com a sociedade, a família ou o próprio indivíduo; (3) a existência de diferentes formas e estratégias de atuação para o ISP que se encontram intrinsicamente relacionadas ao histórico familiar dos casos do estudo; e, (4) a estreita relação entre a governança da família e a governança de empresas familiares e o investimento social privado. Espera-se que este trabalho contribua para o desenvolvimento de pesquisas no ecossistema das empresas familiares, governança corporativa e investimento social privado.

Society is vigilant about the actions of companies. They are judged at every moment by the activities they conduct, and the decisions made by their administration, especially those that directly impact their stakeholders. Family-run companies are not exempt from their responsibilities towards society. On the contrary, demands to be more socially responsible can be even stronger coming from the family itself, which can influence their business decisions. This increase in the movement towards socially responsible actions corroborated to the growth of a type of private social investors: those of family origin. Private social investments (PSI) that seek to generate solutions of public interest in the social, environment, cultural and scientific realms, by voluntarily transferring financial resources in a systematic, planned and monitored manner to either organizations or programs/projects from civil society (Brettas, 2017a), have drawn attention in the ecosystem of family companies. The governance of business families and family businesses, by means of formal governance structures and processes, in addition to contributing to the strengthening of the relationship between family members themselves and between the family and the company, also has a crucial role in PSI management. Thus, the present study sought to answer the following research question: What makes family-controlled businesses and business families engage in private social investment actions? The premise is that family businesses and business families are motivated mainly by non-economic objectives when regarding PSI. A qualitative and exploratory investigation was conducted to understand the motivations of family businesses and business families to engage in PSI. The strategy adopted was that of multiple case studies, analyzing a total of five cases. Data was collected through interviews and secondary documents. Content analysis was carried out using the software Atlas.ti and document evaluations. The main results indicated: (1) the importance of values, family involvement and alignment of purposes for PSI to occur; (2) diversity of motivations from family businesses and business families to become involved in PSI, which could be related to society, family or individuals; (3) the existence of different forms and strategies to act in a PSI that are intrinsically related to the family history of case studies; and (4) a close relationship between the governance of business family and the governance of family companies and PSI. With this study, we hope to contribute to the development of research regarding family business ecosystems, corporate governance, and private social investment.