O capítulo I pretendeu explicitar em primeiro lugar uma forma de representação do uso da retórica no âmbito do esquema de comunicação entre dois agentes: o receptor e o emissor da mensagem. Pretendeu-se também definir que a necessidade de adaptação da mensagem à audiência é um imperativo derivado da existência de crenças pré-estabelecidas e fora do controle racional dos agentes. No contexto do esquema de comunicação entre dois agentes (cuja origem é a ciência cognitiva) pretendeu-se também esquematizar os graus de sujeição do emissor às crenças do receptor de modo a visualizar de modo mais claro as varias possibilidades abertas com o uso da retórica, uma delas de desvirtuamento do processo de presuasão - quando o papel do emissor degenera de líder para liderado no processo de formação de crenças. A aplicação empírica da análise retórica (realizada no capítulo III tendo como objeto de estudo a Controvérsia do Planejamento, evidenciou primordialmente o efetivo uso de técnicas de argumentação retórica por parte dos participantes do debate. Outro aspecto evidenciado foi a adaptação de ambos os emissores às crenças difundidas da platéia em questão. Esta adaptação foi evidenciada através da semelhança das estratégias retóricas de ambos os oponentes do debate, apesar do flagrante antagonismo das recomendações concretas de política econômica. Ainda sob o aspecto de uma melhor identificação do uso da retórica, o capítulo I pretendeu definir o conceito de "idéia-núcleo" (A) - isenta de componentes de retórica - e da idéia adaptada à audiência (Â) - mais próxima das crenças pré-estabelecidas da platéia. A análise da Controvérsia permitiu verificar a possibilidade concreta de decompor um determinado discurso em subconjuntos de proposições que podem ser enquadradas nas especificações da idéia original, pretendida pelo emissor, e da idéia adaptada para as crenças da audiência. ) Acredita-se que esta forma de identificar os subconjuntos de idéias presentes num determinado discurso possa auxiliar na análise retórica em economia. Do ponto de vista do levantamento da conjuntura histórica que propiciou a efetivação da Controvérsia (apresentado no capítulo II) ficou evidenciada a importância de uma massa crítica de interesses envolvidos para dar início à Controvérsia, formando assim, o conjunto de razões que possibilitam a própria existência deste debate econômico fora das fronteiras acadêmicas. Acredita-se também que a análise da Controvérsia e do comportamento dos debatedores exemplifica claramente a exigência de inteligibilidade do economista no momento em que pretende formular diretivas de política econômica e, portanto, cumprir seu papel profissional além dos muros da comunidade acadêmica

Chapter I first intended to explain a form of representation of the use of rhetoric in the context of the communication scheme between two agents: the receiver and the sender of the message. It was also intended to define that the need to adapt the message to the audience is an imperative derived from the existence of pre-established beliefs and beyond the agents' rational control. In the context of the communication scheme between two agents (whose origin is cognitive science) it was also intended to outline the degrees of subjection of the sender to the receiver's beliefs in order to visualize more clearly the various possibilities opened up with the use of rhetoric, one of them is the distortion of the process of persuasion - when the sender's role degenerates from leader to led in the process of forming beliefs. The empirical application of rhetorical analysis (carried out in chapter III with the Planning Controversy as the object of study, evidenced primarily the effective use of rhetorical argumentation techniques by the participants of the debate. Another aspect evidenced was the adaptation of both issuers to the beliefs This adaptation was evidenced by the similarity of the rhetorical strategies of both opponents of the debate, despite the blatant antagonism of the concrete recommendations of economic policy. Still under the aspect of a better identification of the use of rhetoric, chapter I intended to define the concept of "core idea" (A) - exempt from rhetorical components - and from the idea adapted to the audience (Â) - closer to the pre-established beliefs of the audience. The analysis of the Controversy made it possible to verify the concrete possibility of decomposing a given discourse into subsets of propositions that can be framed in the specifications of the original idea, intended by the issuer, and of the idea adapted to the beliefs of the audience. ) It is believed that this way of identifying the subsets of ideas present in a given discourse can help in rhetorical analysis in economics. From the point of view of the survey of the historical conjuncture that led to the realization of the Controversy (presented in chapter II), the importance of a critical mass of interests involved to start the Controversy was evidenced, thus forming the set of reasons that make possible the very existence of this economic debate outside academic boundaries. It is also believed that the analysis of the Controversy and the behavior of the debaters clearly exemplifies the demand for intelligibility of the economist when he intends to formulate economic policy directives and, therefore, fulfill his professional role beyond the walls of the academic community