Postula-se neste trabalho que há um novo paradigma conduzindo de forma hegemônica os destinos do sistema capitalista desde a dissolução dos mecanismos que regeram o longo e vigoroso processo de acumulação da Era de Ouro, as três décadas de crescimento acelerado que se seguiram ao término da Segunda Guerra Mundial. Mediante a utilização de um instrumental teórico crítico em relação à teoria econômica dominante, oferecido pela teoria da regulação, procura-se demonstrar que há um novo regime de acumulação e um novo modo de regulação (um novo binômio) bem-configurados e com sólidas bases institucionais, a reger majoritariamente a lógica de reprodução e valorização do sistema capitalista no final do século XX, o qual substituiu o regime fordista vigente no pós-guerra, compondo um conjunto de relações e instituições que rompe radicalmente com as formas predominantes na Era de Ouro do capitalismo. Esse binômio, caracterizado por um regime de acumulação dominado e comandado pela esfera financeira e por um modo de regulação regido por uma lógica de mercado e repentista, foi engendrado nos anos 1970, com a desintegração do fordismo, e se consolidou nos anos 1980 e 1990, difundindo-se progressivamente pelo mundo sob a hegemonia dos Estados Unidos e da esfera financeira. A discussão neste trabalho está centrada na transformação e na nova configuração daquela que parece ser, pela sua abrangência, a forma institucional essencial para a compreensão da lógica interna do novo binômio e da nova realidade do capitalismo das ultimas três décadas do século XX: a forma institucional regime monetário e financeiro. A reorganização das relações sociais, políticas e culturais, a recomposição do aparelho produtivo e a transformação da regulação econômica e das regras de apropriação e repartição da renda e da riqueza entre as classes sociais e os Estados nacionais promovidas pelas instituições que compõem o novo binômio conferem ao capitalismo do final do século XX o estatuto de um novo edifício, aprecie-se ou não sua arquitetura, suas bases de sustentação ou seus guardiões, questione-se ou não sua estabilidade ou sua capacidade de se manter social e economicamente coeso por longo período.

The main purpose of this work is to appoint the existence of a new paradigm guiding in a hegemonic way the performance of the capitalist system, since the dissolution of the mechanisms responsible for the long and vigorous accumulation process of the Golden Age - the three decades of accelerated growth after the end of the II World War. Using the criticai approach offered by the regulation theory, the goal is to demonstrate that there is a well-configured new regime of accumulation and mode of regulation (a new binomial), within solid institutional basis, commanding the capitalist logic of reproduction and valorization at the end of the XX century. This new regime replaced the fordist one that marked the post war period and it has constituted a group of relations and institutions that radically breaks up with the predominant forms of the capitalist Golden Age. Such binomial, formed by a regime of accumulation dominated and commanded by the financial sphere and by a mode of regulation which is driven by a market and rentier logic, was produced in the 70s, with the Fordism disintegration. The 80s and 90s were witnesses of its Progressive spreading out through the world, under the hegemony of the United States. The discussion is here focused on the transformation and new configuration of what seems, by its extension, to be the essential institutional form to understand the internai logic of the new binomial and the new reality of the last three decades of the capitalism during the XX century: the monetary and financial regime. By the analysis of the monetary and financial regime we intend to show that the institutions that compound this new binomial promoted so deep transformations that is possible to say that we have, at the end of the XX century, something like a new building working as the structure of the capitalist system: a profound reorganization of the social, political and cultural relations, a intense recomposition of the productive set, a greatchange in the economic regulation and a substantive transformation in the rules of appropriation and distribution of wealth and income between social classes and national States. Evidently we can dislike this new architecture, its basis and its wardens. Surely we can put in question its stability and its capacity of maintaining its social and economic cohesion for a long time. But it is very difficult to ignore its existence.