0 presente trabalho foi motivado pelos recentes acontecimentos no bloco comunista. Tais acontecimentos, na minha opinião, recolocaram, de maneira decisiva, a questão de qual, afinal, seria (ou teria sido) o caráter social do sistema soviético. Desde a publicação de "A Revolução Traída" de Leon Trotsky (1936), têm-se assistido a uma verdadeira proliferação de teses a respeito do assunto (veja diagrama anexo), teses estas que a realidade presente parece desautorizar. Decidi, então, revisitar os principais trabalhos desenvolvidos neste mais de meio século, com o objetivo de apresentar uma interpretação alternativa do fenômeno soviético. A tese que me esforçarei por demonstrar é a seguinte: o sistema soviético não representa um modo especifico de produção, seja capitalista, socialista ou qualquer outro; tampouco representa um estágio embrionário de um novo modo de produção; trata-se de um modelo anti-imperialista (anti-capitalista) de acumulação primitiva de capital adotado por algumas sociedades asiáticas (ou semi-asiáticas) no curso da transição do modo de produção que lhes é próprio para o modo capitalista de produção. Desta perspectiva, não só pode-se considerar progressista sistema soviético em relação ao estágio precedente, qual seja, o modo asiático de produção desfigurado pelo imperialismo, como deve-se considerar progressista o modo capitalista de produção em relação ao sistema soviético.

This work was motivatedd by the recent events in the comunist bloc. Such events, in my opinion, brought back, definitely, the question of what ever would be (or would have been) the social character of the soviet system. Since the publication of Trotskys The Revolution Betrayed, many theses have been published on this subject. However, these theses do not seem to explain what is going on in the comunista countries. So, I decided to review the main works developed during the last half a century, aiming to present a new interpretation of the soviet phenomenon. Here, I still seek to demonstrate the following thesis: the soviet system does not represent an especific mode of production, be capitalist, socialist, or whatsoever; neither does it represent na embryonic stage of a new mode of production; indeed, it is an anti-imperialist (anti-capitalist) model of primitive capital accumulation adopted by some asiatic ( or semi-asiatic) countries in the transition from their own mode of production to the capitalist mode of production. From this point of view, not only only must we consider as progressist the soviet system, comparing to the previous stage (i.e., the asiatic mode of production desfeatured by imperialism), but also we must consider as progressist the capitalist mode of production comparing to the soviet system.