The aim of this study is to analyze the relationship between accounting practitioners trait cynicism and multiple types of cheating in light of utilitarianism. The research design comprises the elaboration of a survey that included questions about cynicism, cheating, moral conflict scenarios (vignettes), social desirability response bias, and personal information. The questionnaire was submitted to two pilot tests (Tests A and B). The definitive version of the survey was approved by an institutional review board and made available via social networks (LinkedIn and Facebook) and websites of accounting regional councils and was available to receive responses from February to April 2022. In all, 331 accounting practitioners participated in the study. For data analysis, the following techniques were used: descriptive statistics, comparative analysis, factor analysis, correlation analysis, binary regression models, proportion tests, and multinomial regression models. The results indicated that the level of cynicism of accounting professionals is mild to moderate. Therefore, they are professionals who do not have a strong natural inclination to distrust the sincerity of other people's actions. Participants also responded that cheating practices are generally unacceptable. This finding is compatible with utilitarianism since cheating behaviors tend to benefit few at the expense of many individuals. Thus, perceiving cheating as unacceptable is consistent with the utilitarian view. Accounting practitioners reported higher rates of cheating in their academic and personal lives, and a significantly lower rate in their professional lives. This result suggests that cheating behavior occurs at different frequencies when professional matters are involved and that the dimension of life can affect the propensity to cheat. Binary regression models produced evidence that trait cynicism is positively associated with active cheating but not passive cheating. Thus, cynical accounting practitioners tend to engage in proactive cheating, rather than engaging in passive cheating. In addition, there is evidence, albeit limited, to support that cynicism is significantly related to cheating in accounting professionals' personal and academic lives, but not in their professional ones. The low occurrence of cheating in the professional dimension and the level of cynicism (mild to moderate) may represent a possible explanation for this result in professional life. The findings concerning the moral conflict scenarios support that cheating behavior depends on the scenario. For example, most participants would not report additional donation expenses to achieve a reduction in their income tax but would be willing to sell their shares in the capital market based on insider information in order to avoid losses on their investment. Trait cynicism is relevant to modify the chance of how participants respond to some of the studied scenarios. The implications of this work rest on the following points: (i) the level of cynicism of accounting professionals should not be an immediate concern, since it is mild to moderate; (ii) in general, the findings are consistent with utilitarianism insofar as accounting practitioners perceive cheating as unacceptable and as an action that benefits the few at the expense of the many; (iii) cheating occurs more frequently in personal and academic life compared to the professional one, refuting the view that academic and professional behaviors are significantly related; (iv) results may vary depending on the cynicism proxy used. The literature on cynicism in the scope of accounting is still incipient and more studies are needed before recommendations on how to reduce or treat it are made. Research opportunities are provided at the end of the dissertation.

O objetivo do presente estudo é analisar a relação entre o traço de cinismo e múltiplos tipos de trapaça dos profissionais contábeis à luz do utilitarismo. O desenho de pesquisa compreende a elaboração de um questionário no qual estavam incluídas questões sobre cinismo, trapaça, cenários de conflito moral (vinhetas), viés de resposta de desejabilidade social e informações pessoais. O questionário foi submetido a dois testes-pilotos (Testes A e B). A versão definitiva do questionário foi aprovada por um comitê de ética e disponibilizada via redes sociais (LinkedIn e Facebook) e websites de conselhos regionais de contabilidade e ficou disponível para receber respostas de fevereiro a abril de 2022. Ao todo, 331 profissionais contábeis participaram do estudo. Para a análise dos dados, foram utilizadas as seguintes técnicas: estatísticas descritivas, análises comparativas, análises fatoriais, análises de correlação, modelos de regressão binária, testes de proporções e modelos de regressão multinomiais. Os resultados indicaram que o nível de cinismo dos profissionais contábeis é de leve a moderado. Logo, são profissionais que não possuem uma forte inclinação natural de desconfiança em relação à sinceridade das ações de outras pessoas. Os participantes também responderam que as práticas de trapaça são, em geral, inaceitáveis. Este achado é compatível com o utilitarismo, uma vez que condutas trapaceiras tendem a beneficiar poucos às custas de muitos indivíduos. Deste modo, perceber a trapaça como inaceitável é coerente com a visão utilitarista. Os profissionais contábeis reportaram maiores taxas de trapaça em suas vidas acadêmica e pessoal, e uma taxa significativamente menor em sua vida profissional. Este resultado sugere que a conduta de trapaça ocorre em frequências distintas quando assuntos profissionais estão envolvidos e que a dimensão da vida pode afetar a propensão à trapaça. Os modelos de regressão binária produziram evidências de que o traço de cinismo está positivamente associado à trapaça ativa, mas não à trapaça passiva. Logo, profissionais contábeis cínicos tendem a apresentar comportamentos trapaceiros proativos, em vez de se engajarem em uma atuação de trapaça passiva. Em adição, há evidências, mesmo que limitadas, para sustentar que o cinismo está relacionado à trapaça de modo significativo nas vidas pessoal e acadêmica dos profissionais contábeis, mas não na profissional. A baixa ocorrência de trapaça na dimensão profissional e o nível de cinismo (leve a moderado) podem representar uma possível explicação para este resultado na vida profissional. Os achados concernentes aos cenários de conflito moral sustentam que o comportamento de trapaça depende do cenário exposto. Por exemplo, a maioria dos participantes não reportaria despesas de doação adicionais para conseguir uma redução no seu imposto de renda, mas estaria disposta a vender suas ações no mercado de capitais com base em informação privilegiada visando evitar perdas com o seu investimento. O traço de cinismo é relevante para modificar a chance de como os participantes respondem a alguns dos cenários estudados. As implicações do presente trabalho repousam nos seguintes pontos: (i) o nível de cinismo dos profissionais contábeis não deve ser uma preocupação imediata, já que é de leve a moderado; (ii) em geral, os achados são consistentes com o utilitarismo na medida em que os profissionais contábeis percebem a trapaça como inaceitável e como conduta de beneficia poucos às custas de muitos; (iii) a trapaça ocorre mais frequentemente nas vidas pessoal e acadêmica em comparação à vida profissional, refutando a visão de que os comportamentos na vida acadêmica e profissional estão intimamente relacionados; (iv) os resultados podem variar dependendo da proxy de cinismo utilizada. A literatura sobre o cinismo no escopo da contabilidade ainda é incipiente e mais estudos são necessários antes que recomendações de como reduzí-lo ou tratá-lo sejam efetuadas. Oportunidades de pesquisa são fornecidas ao final da tese.