Nas últimas décadas o ensino contábil vem recebendo críticas sobre sua eficácia na formação de profissionais que atendam aos requisitos necessários de qualidade da profissão. Uma das primeiras publicações que demonstraram preocupação com isso foi a da American Accounting Association de 1996 intitulada Future Accounting Education: preparing for the expanding profession. Outras se seguiram anos adiante, feitas tanto por profissionais acadêmicos quanto por profissionais não acadêmicos. A literatura geral, por meio de tais críticas, tornou conhecida a existência de um gap entre o ensino e a prática contábil. Esta pesquisa objetivou extrair de tais críticas construtos que as representassem e foi dividida em três etapas. Fundamentada nas ideias de Crotty (1998) ela seguiu o racional metodológico cuja epistemologia e perspectiva teórica nas 2 primeiras etapas foram o construtivismo e o interpretativismo, respectivamente, seguido do uso de metodologias relativas a análise do discurso na primeira etapa, a técnica Delphi na segunda etapa e uma Survey na terceira etapa. A primeira etapa consistiu na determinação dos construtos à luz da teoria de aprendizagem experiencial, plataforma teórica deste estudo. Foram extraídos 46 construtos do gap nesta fase. Na segunda etapa foi utilizada a técnica Delphi para validação de tais construtos. Participaram desta etapa 8 profissionais acadêmicos e 8 profissionais não acadêmicos somando um total de 16 especialistas que, no conjunto, validaram 36 dos 46 construtos determinados na primeira etapa. Na terceira etapa, foi aplicada uma Survey, com uma amostra de 140 profissionais, sendo 76 profissionais acadêmicos e 64 profissionais não acadêmicos. O intuito foi validar os 36 construtos que resistiram ao crivo dos especialistas na Delphi. No entanto, 4 construtos não foram validados nesta etapa e, após as 3 etapas da pesquisa, 32 construtos fizeram parte da lista de construtos do gap entre o ensino e a prática contábil. Os profissionais não acadêmicos concordam mais com as críticas ao ensino contábil do que os profissionais acadêmicos. Isso ficou demonstrado na segunda e na terceira etapa da pesquisa. Estes 32 construtos estão agrupados em 7 grupos de fatores de gap relativos à Organizações (OR), Professores (PR), Estudantes (ES), Universidades (UN), Pesquisa Contábil (PC), Matrizes Curriculares (MC) e Materiais Didáticos (MD). Tais grupos estão subdivididos em 20 diferentes e específicos fatores de gap. O efetivo envolvimento dos participantes da pesquisa na segunda e terceira etapa, em termos de comentários feitos, demonstram que o tema está vivo, tem relevância e merece investigações que possam contribuir com a melhoria do processo de formação do profissional contábil. Muitos participantes demonstraram que tal melhoria precisa do estreitamento das relações entre a universidade e as organizações onde a contabilidade se aplica para se tornar realidade. À luz da teoria de aprendizagem experiencial é a experiência do estudante, na aplicação prática do conhecimento teórico adquirido, que tem o potencial de propiciar tal melhoria, uma vez que a educação contábil atual, de forma geral, exige que essa experiência aconteça mas, a enfraquece ou a impossibilita. A possibilidade de estudos das causas disso, a partir de tais construtos e inclusive em contextos específicos, além de estudos críticos deles, validados ou não, são as principais contribuições deste estudo. Um compacto com importantes críticas feitas ao ensino contábil por profissionais acadêmicos e não acadêmicos, em diversos países diferentes, também formam uma contribuição desta pesquisa para futuros estudos.

Over the last decades, accounting education has been criticized for its effectiveness in training professionals who meet the quality requirements necessary for the profession. One of the first publications that expressed concern about this was the 1996 American Accounting Association's Future Accounting Education: Preparing for the Expanding Profession. Others followed years later, made by academic and non-academic professionals. The general literature, through such criticisms, made known the existence of a gap between teaching and accounting practice. This research aimed to extract constructs that represent them from these criticisms and was divided into three stages. Based on the ideas of Crotty (1998), followed the methodological reasoning whose epistemology and theoretical perspective in the first 2 stages were constructivism and interpretivism, respectively, followed by the use of methodologies related to discourse analysis in the first stage, the Delphi technique in second stage, and a Survey in the third stage. The first stage consisted in determining the constructs in the light of the experiential learning theory, the theoretical platform of this study. 46 constructs were extracted from the gap at this stage. In the second stage, the Delphi technique was used to validate such constructs. Eight academic professionals and 8 non-academic professionals participated in this stage, totaling 16 experts who, together, validated 36 of the 46 constructs determined in the first stage. In the third stage, a Survey was applied, with a sample of 140 professionals, being 76 academic professionals, and 64 non-academic professionals. The aim was to validate the 36 constructs that resisted the sieve of experts at Delphi. However, 4 constructs were not valid at this stage and, after the 3 stages of the research, 32 constructs were part of the list of constructs of the gap between teaching and accounting practice. Non-academic professionals agree more with the criticism of accounting education than academic professionals. This was demonstrated in the second and third stages of the research. These 32 constructs are grouped into 7 groups of gap factors related to Organizations (OR), Professors (PR), Students (ES), Universities (UN), Accounting Research (PC), Curriculum Matrices (MC) and Teaching Materials (MD). Such groups are subdivided into 20 different and specific gap factors. The effective involvement of the research participants in the second and third stages, in terms of comments made, demonstrates that the topic is alive, has relevance and deserves investigations that can contribute to the improvement of the training process of the accounting professional. Many participants demonstrated that such an improvement needs a closer relationship between the university and the organizations where accounting is applied to become a reality. In the light of experiential learning theory, it is the student's experience, in the practical application of acquired theoretical knowledge, that has the potential to provide such improvement, since current accounting education, in general, requires this experience to happen, but weakens or makes it impossible. The possibility of studies of the causes of this, from such constructs and even in specific contexts, in addition to critical studies of them, validated or not, are the main contributions of this study. A compact with important criticisms made to accounting education by academic and non-academic professionals, in several different countries, also form a contribution of this research to future studies.