Thèse de Doctorat
DOI
https://doi.org/10.11606/T.12.2019.tde-14082019-155635
Document
Auteur
Nom complet
Camilla Soueneta Nascimento Nganga
Adresse Mail
Unité de l'USP
Domain de Connaissance
Date de Soutenance
Editeur
São Paulo, 2019
Directeur
Jury
Barros, Lucas Ayres Barreira de Campos (Président)
Silva, Sandra Maria Cerqueira da
Vianna, Claudia Pereira
Voese, Simone Bernardes
Titre en portugais
Abrindo caminhos: a construção das identidades docentes de mulheres pelas trilhas, pontes e muros da pós-graduação em Contabilidade
Mots-clés en portugais
Contabilidade
Formação docente
Gênero
Identidades docentes
Mulheres
Pós-graduação
Socialização
Resumé en portugais
O contexto da Educação Contábil no Brasil é permeado pela expansão dos cursos de graduação e de pós-graduação, e também pelo aumento do número de pessoas matriculadas e concluintes na graduação, sendo este aumento notadamente atribuído às mulheres. Desde o ano de 2005, o percentual de mulheres matriculadas na graduação em Ciências Contábeis vem superando os homens, no entanto, esse percentual diminui na pós-graduação e, consequentemente, no ingresso na carreira docente na graduação e, de forma mais acentuada, na docência na pós-graduação (Nganga, Gouveia, & Casa Nova, 2018). Além disso, destacamos que a falta de ações voltadas para a qualificação pedagógica e o pouco contato com pesquisas durante a graduação em Ciências Contábeis reforça a pós-graduação stricto sensu enquanto importante lócus de desenvolvimento profissional para docentes da área. Nesta pesquisa, buscamos compreender a construção das identidades docentes de mulheres em programas de pós-graduação da área de Ciências Contábeis, programas que são caracterizados pela baixa oferta de ações relacionadas à formação para o ensino, pelo foco em publicações e por serem ambientes masculinizados. Lester (2008) destaca que poucas pesquisas abordam questões relacionadas às identidades de mulheres no corpo docente, sendo importante descrever e considerar possíveis conflitos e a negociação da própria identidade que ocorrem em uma cultura acadêmica predominantemente masculina. Diante deste cenário, entendemos como relevante analisar as experiências das mulheres que vêm persistindo diante do ambiente masculinizado da Contabilidade, em um cenário que as excluem na medida em que elas avançam em sua trajetória profissional acadêmica. O estudo teve por objetivo compreender a influência dos processos de formação e de socialização experienciados por doutorandas de programas de pós-graduação em Ciências Contábeis na construção de suas identidades profissionais docentes. A presente tese contribui com a discussão sobre identidades docentes de mulheres na área de Contabilidade, a partir de uma perspectiva de gênero (Scott, 1986; 1988), tendo por vertente epistemológica o construcionismo social e como posicionamento teórico o pós-estruturalismo feminista, utilizando uma abordagem qualitativa. Foram entrevistadas 13 doutorandas da área de Ciências Contábeis no Brasil, vinculadas a diferentes programas. A análise de evidências foi construída com base na análise por template (King, 2004), sendo que também foram analisadas de modo inicial e como contraposição as entrevistas de cinco doutorandas vinculadas à dois programas de doutorado em Contabilidade dos Estados Unidos. Como resultados da pesquisa, tem-se que o desenvolvimento das identidades profissionais docentes das mulheres entrevistadas no percurso realizado na pós-graduação em Contabilidade, foi marcado por alguns aspectos principais, porém não exclusivos: a socialização profissional em um ambiente masculinizado, exigente e estressante; a formação docente, englobando ensino e pesquisa, mediante a disponibilidade de exemplos, negativos e positivos, sobre a atuação docente e a pressão intensa por publicações; para as que são mães, as experiências dentro e fora dos programas demonstrou uma difícil relação entre maternidade e academia; e, por fim, ao refletirem sobre a influência do doutorado em suas trajetórias docentes, essas profissionais evocam resiliência em persistir e a proposição de uma atuação docente mais humanizada e empática, em que o doutorado contribui para a construção de um conhecimento contábil crítico e atualizado. Adicionalmente, as reflexões iniciais realizadas sobre as experiências das mulheres inseridas nos programas estadunidenses permitem considerar fatores que se aproximam e que se distanciam do cenário brasileiro. Parece haver um entendimento do Doutorado como exercício profissional na academia, cenário diferente do Brasil, em que o curso é tido primariamente como uma etapa de formação e estudos. Os processos de mentoria estão presentes na trajetória das entrevistadas naquele contexto, sendo que, no contexto brasileiro, não houve relatos indicando ações relacionadas à mentoria. Sobre as aproximações, a formação para a pesquisa foi consideravelmente marcada por abordagens quantitativas e positivistas e a formação para o ensino restrita às atividades de Teaching Assistants. Além disso, as reflexões tecidas evocam aspectos relacionados ao work-life balance, bem como à maternidade e o ambiente acadêmico. Nesse contexto, há indicação da necessidade de gerenciar impressões (Lester, 2011), relacionada ao fato de que a imagem materna se contradiz à imagem do "trabalhador ideal", o que pode impactar na constituição identitária acadêmica. Por fim, destaca-se a resiliência. Diante de todos os desafios encontrados em seus percursos, as mulheres entrevistadas se propõem a não só seguirem convictas de seus objetivos como professoras, como também vão além, se comprometendo com o desenvolvimento de relações na academia que sejam humanizadas e que rompam com a falta de empatia e a indiferença evocadas em suas experiências.
Titre en anglais
Opening paths: the construction of faculty identity of women through the trails, bridges and walls of graduate studies in Accounting
Mots-clés en anglais
Accounting
Faculty identities
Gender
Graduate studies
Socialization
Teaching training
Women
Resumé en anglais
The context of Accounting education in Brazil is marked by the expansion of undergraduate and graduate programs and by the increasing number of students registered and finishing their courses. This increase is notably attributed to women. Since 2005, the percentage of females registered in accounting undergraduate courses is higher than males. However, this percentage decreases in graduate programs and, consequently, in academic careers. (Nganga, Gouveia, & Casa Nova, 2018). In addition, the lack of focus on teaching training for females as well as their scarce contact with research development during their Accounting undergraduate programs reinforce the importance of stricto sensu or short-term graduate programs as a site of professional development for faculty in this field. In this research project, we seek to understand the construction of women faculty identities in graduate programs in the field of Accounting. These programs are characterized by low opportunities for the formation of faculty, by the focus on publications, and by masculine environments. Lester (2008) highlights that few researches address issues related to the identities of women as faculty. We consider important to describe and reflect on possible conflicts and the negotiation of one's own identity occurring in predominantly masculine academic environments. In view of this scenario, it is relevant to analyze the experiences of women who persist in the masculine and excluding environment of Accounting, a setting that excludes them while they advance towards their academic careers. The aim of the study was to understand the influence of the training and socialization processes experienced by female doctoral students in Accounting graduate programs in the construction of their professional faculty identities. It contributes to debates on women's faculty identities in the field of Accounting considering gender studies (Scott, 1986; 1988). Through a qualitative approach, we adopted social constructionism as epistemological perspective and feminist post-structuralism as theoretical position. We interviewed thirteen women doctoral students in different programs in the field of accounting in Brazil. Template analysis (King, 2004) was employed in the interpretation of evidences. We also analyzed five interviews with doctoral candidates in Accounting programs in the United States as counterpoint. As result we found that the development of the interviewees' professional identities was marked by their path in their accountant undergraduate programs. This path includes professional socialization in a masculine, stressing, and demanding environment, a faculty formation that comprises teaching and research through positive and negative examples on faculty practices, and an intense pressure for publishing. For those who are mothers there is a difficult relation between maternity and academia. Finally, when reflecting about the influence of their doctoral program on their trajectory into faculty positions, these professionals show resilience. They propose of a teaching practice there is more humane and emphatic in which a doctoral program contributes to the construction of up-to-date and critical knowledge on the field of accounting. Additionally, the initial reflections about the U.S. interviewees allowed us to consider factors that are similar or distant from the Brazilian setting. For instance, in the United States, there seems to be an understanding of a doctoral program as professional practice in academia, which differs from Brazil in which the program is primarily a phase in someone's educational formation. The process of mentorship is present on the path of the interviewees in the American context. In Brazil, however, there was no report indicating actions related to mentorship. Regarding similarities, research training was considerably marked by quantitative and positivists approaches, and teaching training was limited to activities as Teaching Assistants. In addition, the reflections expressed by the interviewees evoke aspects related to work-life balance as well as maternity and the academic environment. In this context, there is the necessity to manage impressions (Lester, 2011), which connects to the fact that the ideas related to maternity are contradictory to the image of the "ideal worker" impacting the academic identity constitution. Finally, resilience is highlighted. In the face of all the challenges they met in their paths, the women interviewed for this project are committed to what can be called subversion of the system: they not only have conviction on their goals as educators as they exceed these goals by compromising to the development of more humane relations in academia that are capable of breaking the lack of empathy and indifference reported as part of their experiences.
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Date de Publication
2019-08-19
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