This research draws on the broad problem of democratising accounting, organisations and society. Stakeholder engagement is at the forefront of scholars, practitioners, and policy- makers initiatives to address such problems. Stakeholder engagement has been conceptualised with two main dimensions: inclusiveness (stakeholder representativeness) and participation (influence on the decisions). From a multi-stakeholder perspective, I focus on the "momentum of decision", which means plural participation within the organisation. Therefore, information and accounting are key concepts to unveil such a process. However, I claimed that there is a lack of empirical studies on stakeholder engagement practices, shedding light on accounting technologies, conflict and dispute, which is a feature of plural constituted settings. Based on these assumptions and in studying the University of São Paulo's participatory budgeting, this thesis focuses on the following research problem: the role played by accounting and its technologies from multiple stakeholders' perspectives on stakeholder engagement practices. Thus, the primary objective of this research is (1) to analyse the engagement practices within the budget dispute at the University of São Paulo and (2) to analyse the role played by accounting and its technologies in stakeholder engagement practices. The research strategy adopted is qualitative-inductive from the critical accounting research tradition. The study was carried out at a Brazilian public university. Therefore, a set of budgetary events was selected to understand how multi-stakeholder engagement practices are socio-historically constructed. The period selected for collecting and analysing documents was 2018-2021, a period of management of only one dean. After data collection, the data were organised in the MAXQDA2022 software. In phase 1 of the research, a set of 184 text documents were analysed, totalising more than 2800 pages, and 25 videos, totalising more than 100 hours. The second phase was based on 20 interviews, around 1 hour each. For data analysis, the MAXQDA2022 supported the construction of the narratives around engagement practices from multi-stakeholders perspectives. The data were coded in an iterative way, and some categories emerged from the field. Besides, drawing on the framework proposed by Tregdiga and Milne (2020) and adapted, the data were reorganised into five engagement practices categories: budgetary events, stakeholders and groups, spaces for engagement, distribution of power, and role of managerial information/budget. The main finding of this research is that the empirical data shows a gap between theory and practice. The USP case brings to the fore that stakeholders' relationship with the organisation can be defined as engagement or participation. Depending on a set of features, stakeholders will decide to participate and "have a seat on the table" and influence the momentum of the decision. However, depending on legitimacy, power, social interests and knowledge, stakeholders can strategically choose to engage in formal and (mainly) informal spaces with more power to influence decision-making. Besides, this thesis contributes to prior literature on stakeholder engagement and participatory budgeting and articulates practical implications.

Esta investigação baseia-se no amplo problema da democratização da contabilidade, das organizações e da sociedade. Nesse sentido, o engajamento de stakeholders está na vanguarda de iniciativas de acadêmicos, profissionais e formuladores de políticas públicas para abordar esse problema. O engajamento de stakeholders tem sido conceitualizado com duas dimensões principais: inclusão (representatividade de stakeholders) e participação (influência nas decisões). Do ponto de vista de múltiplos stakeholders, abordo esta problemática centrando-me no "momento de decisão", ou seja, a participação plural na organização. Portanto, a informação e a contabilidade são conceitos fundamentais para desvendar tal processo. No entanto, afirmo que há uma carência de estudos empíricos sobre práticas de engajamento de stakeholders, lançando luz sobre tecnologias contábeis, conflito e disputa, que é uma característica de espaços pluralmente constituídos. Com base nestes pressupostos e no estudo do orçamento participativo da Universidade de São Paulo, esta tese aborda o seguinte problema de investigação: o papel desempenhado pela contabilidade e suas tecnologias nas práticas de engajamento de stakeholders, a partir de uma perspectiva de múltiplos stakeholders. Sendo assim, o objetivo principal desta pesquisa é (1) analisar as práticas de engajamento na disputa orçamentária na Universidade de São Paulo, e (2) analisar o papel desempenhado pela contabilidade e suas tecnologias nas práticas de engajamento de múltiplos stakeholders. A estratégia de pesquisa adotada é qualitativa-indutiva a partir da tradição de pesquisa contábil crítica. O estudo foi realizado em uma universidade pública brasileira. Para tanto, foi selecionado um conjunto de eventos orçamentários para compreender como as práticas de engajamento são construídas socio-historicamente. O período selecionado foi 20182021, período de gestão de apenas um reitor. Após a coleta dos dados, os dados foram organizados no software MAXQDA2022. Na fase 1 da pesquisa, foram analisados 184 documentos textuais, totalizando mais de 2800 páginas e 25 vídeos totalizando mais de 100 horas. A segunda fase foi baseada em 20 entrevistas em torno de 1 hora cada. Posteriormente, as entrevistas foram transcritas, armazenadas e codificadas no software MAXQDA2022. Para a análise dos dados, utilizou-se o mesmo software para construir as narrativas em torno das práticas de engajamento sob a perspectiva de multi-stakeholders. Algumas categorias emergiram do campo. Complementarmente, com o auxílio do framework proposto por Tregdiga e Milne (2020) e adaptado, as práticas de engajamento foram analisadas a partir de cinco perspectivas: evento orçamentário, stakeholders e grupos, espaços de engajamento, distribuição de poder e papel da informação e linguagens gerencial e orçamentária. O principal achado desta pesquisa é que os dados empíricos mostram uma lacuna entre teoria e prática: O caso da USP evidencia que a relação dos stakeholders com a organização pode ser definida como engajamento ou participação. Dependendo de um conjunto de características, os stakeholders decidirão participar e "ter um lugar na mesa" e influenciar o momento da decisão. No entanto, dependendo da legitimidade, poder, interesses sociais e conhecimento, os stakeholders podem estrategicamente optar por se envolver em espaços formais e (principalmente) informais com mais poder para influenciar a tomada de decisões. Além disso, esta tese contribui para a literatura prévia em engajamento de stakeholders e orçamento participativo, e articula implicações práticas.