O presente trabalho teve por objetivo analisar, sob a luz da teoria da agência, os conflitos de interesse existentes entre o profissional que presta o serviço de recomendação de investimentos e o investidor pessoa física, cliente desse serviço, com recorte no mercado brasileiro. Para tal, foi realizada uma revisão sistemática da literatura e a análise da legislação vigente e dos contratos que regem a relação entre investidor e assessor, a fim de identificar potenciais conflitos de interesse. Ao todo, foram identificadas 13 categorias de conflitos de interesse existentes nessa relação de agência, das quais se destacam conflitos relacionados a recomendações enviesadas de investimento com objetivo de maximização de comissões e taxas, má conduta do assessor devido a pressão recebida por seus empregadores e representação inadequada dos clientes por questões comportamentais e vieses cognitivos. Da análise dos problemas de agência foram elaboradas sete proposições que indicam que a existência desses conflitos está fundamentada em comportamento oportunista, seja por motivação própria do assessor ou por pressão da instituição financeira, por força de lei ou por vieses cognitivos. Conclui-se que a relação investidor-assessor é inerentemente conflituosa, contudo, a adoção de iniciativas relacionadas a melhorias no monitoramento das ações do agente e no arranjo de remuneração pelo serviço de assessoria financeira pode contribuir para mitigação dos problemas de agência.

The aim of this work was to analyze, under the agency theory framework, the conflicts of interest between investment advisors and household investors in Brazil. To achieve this objective, a systematic literature review was conducted, along with an analysis of current legislation and contracts governing the relationship between investors and advisors, in order to identify potential conflicts of interest. A total of 13 categories of conflicts of interest were identified in this agency relationship, with emphasis on conflicts related to biased investment recommendations with the objective of maximizing commissions and fees, misconduct by advisors due to pressure from their employers, and inadequate client representation due to behavioral issues and cognitive biases. Based on the analysis, seven propositions were developed, indicating that the existence of these conflicts is rooted in opportunistic behavior, either driven by the advisor's own motivation or by financial institutions pressure, legal requirements and cognitive biases. It was concluded that the investor-advisor relationship is inherently conflictual, however, initiatives related to improved monitoring of agent actions and changes in the financial advisory compensation arrangement may contribute to mitigate agency problems.