A presente dissertação aborda a crescente tendência de “fuga de cérebros” brasileiros observada entre o período de 2015 a 2020, termo utilizado para expressar a saída de profissionais qualificados em busca de melhores oportunidades e/ou condições de vida no exterior. A análise compreende o período recente de grande instabilidade política e econômica no Brasil, particularmente a descontinuidade das políticas e programas públicos de incentivo à formação universitária e em ciência e tecnologia, observando a possível influência nas decisões dos emigrantes brasileiros. Ainda que a mídia venha apresentando dados bastante preocupantes sobre o fenômeno, a “fuga de cérebros” tem sido pouco estudada nas universidades. Assim, este trabalho busca contribuir para a compreensão do fenômeno a partir de uma pesquisa qualitativa, contemplando as subjetividades, dando voz aos emigrantes ao buscar conhecer suas motivações, experiências, desafios e frustrações. Além da revisão de literatura, a metodologia, baseada em pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, está fundamentada em entrevistas semiestruturadas, valendo-se da técnica da análise de conteúdo por inferência, ao interpretar de forma controlada e categórica, os resultados obtidos. A análise permitiu identificar como principal motivação para a emigração, o alcance do bem-estar proporcionado pelo maior poder de compra da remuneração aferida pelo trabalho e o equilíbrio entre jornada de trabalho e “tempo livre”, o que resulta em maior segurança financeira, física e psicológica nos países escolhidos. Em contrapartida, a ainda persistente intolerância, a xenofobia, o estranhamento e desafios em se adaptar a uma cultura diferente matizam essa visão idílica sobre a decisão de sair do Brasil, acrescida a observação dos entrevistados à superioridade do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro quando comparados ao custo e ao acesso à saúde no local de destino.

This dissertation addresses the growing trend of Brazilian “brain drain” observed between 2015 and 2020, a term used to express the departure of qualified professionals in search of better opportunities and/or living conditions abroad. The analysis encompasses the recent period of great political and economic instability in Brazil, particularly the discontinuity of public policies and programs to encourage university and science and technology training, observing the possible influence on the decisions of Brazilian emigrants. Even though the media has presented very worrying data about the phenomenon, the “brain drain” has been little studied in universities. Thus, this work seeks to contribute to the understanding of the phenomenon based on qualitative research, contemplating subjectivities, giving a voice to emigrants by seeking to understand their motivations, experiences, challenges and frustrations. In addition to the literature review, the methodology, based on qualitative, descriptive and exploratory research, is based on semi-structured interviews, using the technique of “content analysis” by inference, when interpreting the results in a controlled and categorical way. The analysis made it possible to identify as the main motivation for emigration, the achievement of well-being provided by the greater purchasing power of the remuneration earned by work and the balance between working hours and “free time”, which results in greater financial physical and psychological security in the chosen regions. On the other hand, the still persistent intolerance, xenophobia, estrangement and challenges in adapting to a different culture equalize this idyllic vision of the decision to leave Brazil, in addition to the interviewees' observation of the superiority of the Brazilian Unified Health System (SUS) when compared to the cost and access to healthcare in the destination location.