As populações humanas obtêm benefícios dos ecossistemas íntegros, através dos serviços ecossistêmicos. No entanto, o consumo acelerado e insustentável dos recursos naturais gera degradação ambiental, reduz a biodiversidade e compromete as capacidades de resiliência e resistência dos ecossistemas às adversidades climáticas. Todavia, é crescente o número de organizações que se adequam aos preceitos da sustentabilidade, seja por requisitos dos mercados acionários, seja por requisitos das certificações ambientais. Porém, pouco se discute se esse alinhamento à sustentabilidade é suficiente para repor o estoque de serviços ecossistêmicos consumidos. Desta forma, investigamos a hipótese de que o aumento do número de empreendimentos considerados sustentáveis não contribui para a preservação e recuperação dos serviços ecossistêmicos na mesma velocidade em que são consumidos. Para tanto, o projeto foi dividido em duas grandes fases. Durante a primeira fase, analisamos o histórico de desempenho dos sistemas de gestão ambiental de um grupo de empresas com práticas sustentáveis reconhecidas pelo mercado acionário brasileiro. Embora os empreendimentos analisados já venham desenvolvendo atividades visando minimizar os impactos negativos ao meio ambiente, além de desenvolverem diversas Ações para a Consevação da Biodiversidade (ACB), como a criação de 1.360 Km² de áreas naturais protegidas, demonstramos que as práticas realizadas são insuficientes para a reposição dos serviços ecossistêmicos explorados por essas organizações. Concluímos a primeira fase indicando que as ACB deveriam ser inseridas no centro de tomadas de decisões do tripé da sustentabilidade para interromper o "paradoxo de Jevons" de maneira a reestabelecer os serviços ecossistêmicos consumidos e, por tanto, atender aos preceitos originais da sustentabilidade. Sendo assim, é necessário desenvolver ações que estimulem a geração de serviços ecossistêmicos na mesma velocidade de consumo atual e futuro dessas corporações. Desse modo, na segunda fase do projeto, investigamos a dinâmica do Armazenamento Terrestre de Água (do inglês Terrestrial Water Storage TWS) com a cobertura de vegetação nativa das regiões tropical e subtropical da América do Sul. Demonstramos que quanto maior a taxa de cobertura de vegetação nativa, maior é o TWS, independentemente das tendências de precipitação e temperatura. Ou seja, regiões com maior cobertura de vegetação nativa possuem maior capacidade de reter água e manter a velocidade do ciclo hidrológico do que regiões que perderam a maior parte da cobertura original. Nossos resultados indicaram que a cobertura de vegetação nativa é o principal componente para a previsão das tendências de TWS, independentemente das tendências regionais de precipitação e temperatura. Por fim, foi possível estimar a quantidade de água que as áreas naturais fornecem ao longo de uma década para qualquer bioma tropical e subtropical sul-americano. Estimamos que cada 1 Km² de cobertura de vegetação nativa, nas diferentes regiões, contribui para um TWS entre 0.201x10^-3 Km³ a 0.307x10^-3 Km³ ao longo de dez anos. Desse modo, o total de áreas protegidas criadas pelos empreendimentos aqui avaliados (1.360 Km²), contribuem com apenas entre 18% a 27% do total de água consumido por essas empresas ao longo de uma década. Por fim, projetos de governança poderiam propor o desenvolvimento de consórcios conservacionistas para estimular os resultados positivos nos ecossistemas anteriormente ao crescimento econômico, como escudo para evitar danos ambientais e perpetuar os serviços ecossistêmicos tão necessários a toda vida no planeta. Dessa forma, os serviços ecossistêmicos poderiam ser utilizados como novo lastro para crescimento econômico sustentado através das ações para a conservação da biodiversidade.

Human populations obtain benefits from intact ecosystems through ecosystem services. However, accelerated and unsustainable natural resource consumption generates environmental degradation, reduces biodiversity and compromises the resistance and resilience of ecosystems to climatic adversities. Nonetheless, the number of organizations adopting sustainable precepts is growing due to the requirements of the stock markets or environmental certifications. However, the discussions about whether sustainability alignments are sufficient to replenish the ecosystem services consumed by companies are still incipient. In this way, we hypothesized that increasing the number of sustainable companies does not contribute to the ecosystem services recovery at the same speed at which they are consumed. To this end, we divided the project into two major phases. During the first phase, we analyzed the environmental management systems performance of a group of companies with sustainable practices recognized by the Brazilian stock market. Although these companies are mitigating their negative environmental impacts and are developing several Biodiversity Conservation Actions (BCA), such as creating 1,360 km² of protected natural areas, we demonstrated that the practices carried out are insufficient to replace the ecosystem services exploited by these organizations. We concluded the first phase by indicating that BCA should be inserted at the centre of sustainability tripod decision-making to interrupt the "Jevons paradox" to restore the ecosystem services consumed and meet the original precepts of sustainability. Therefore, it is necessary to develop actions that stimulate the generation of ecosystem services at the same speed as these corporations current and future consumption. Thus, in the second phase, we investigated the dynamics of Terrestrial Water Storage (TWS) with the native vegetation cover from tropical and subtropical regions of South America. We demonstrated that the higher the native vegetation cover rate, the higher the TWS, independently of precipitation and temperature trends. Regions covered by a large extension of native vegetation have a greater capacity to retain water and maintain the speed of the hydrological cycle than regions which lost most of their original coverage. Our results indicated that native vegetation cover is the main component for predicting TWS trends, regardless of regional precipitation and temperature trends. Finally, it was possible to estimate the amount of water that natural areas provide over a decade for any South American tropical and subtropical biome. We estimated that every 1 Km² of native vegetation cover contributes between 0.201x10^-3 Km³ to 0.307x10^-3 Km³ of TWS over ten years. Thus, the total number of protected areas created by the five companies evaluated here (1,360 Km²) contribute only between 18% and 27% of the total water consumed by these companies over a decade. Then, governance projects could propose the development of conservation consortia to stimulate positive results in ecosystems prior to economic growth as a shield to avoid environmental damage and perpetuate ecosystem services necessary for all life on the planet. In this way, ecosystem services could be used as a new ballast for sustained economic growth through actions for the conservation of biodiversity.