O bicudo-do-algodoeiro é considerado a principal praga da cultura do algodoeiro e, de um modo geral, é controlado com agroquímicos. Entretanto, existem alguns parasitoides referidos na literatura que podem desempenhar um importante papel no Manejo Integrado de Pragas como componentes de programas de Controle Biológico. Para um controle efetivo com parasitoides é preciso entender fatores bióticos e abióticos envolvendo o desenvolvimento da praga. Para isso, o presente trabalho visou avaliar aspectos biológicos, determinar as exigências térmicas e confeccionar uma tabela de vida de fertilidade de A. grandis, em diferentes temperaturas, visando comparar a dieta natural e 2 dietas artificiais para criação do inseto em laboratório, com vistas ao zoneamento ecológico da praga no Brasil para produção e utilização de inimigos naturais. Para a determinação do zoneamento de A. grandis foi utilizado como base o parâmetro R₀ da tabela de vida de fertilidade. Para isso, insetos foram estudados em sete temperaturas diferentes que correspondem à maioria das temperaturas médias mensais observadas em diferentes regiões brasileiras. Também foram avaliados diferentes métodos de prospecção de parasitoides larvais da praga utilizando-se três métodos de coleta no campo, por 12 semanas, entre os meses de fevereiro a maio de 2022. Foram observadas diferenças significativas entre as temperaturas para cada dieta, porém não houve diferenças entre as dietas testadas para duração total do desenvolvimento, viabilidade, fecundidade e longevidade de fêmeas e machos. As taxas líquidas de reprodução a 25°C e 28°C foram maiores do que nas outras temperaturas testadas nas diferentes dietas. Pode-se concluir que as dietas artificiais testadas podem substituir a dieta natural para criação do bicudo-do- algodoeiro em laboratório. Os mapas indicaram que regiões tropicais com temperaturas médias acima de 20°C são mais favoráveis para as populações de A. grandis. Sobrepondo a ocorrência do algodoeiro a esses mapas, as áreas mais favoráveis ao crescimento populacional de A. grandisforam observadas na região Centro-Oeste e parte da região Nordeste. Foram identificadas 5 espécies de parasitoides com predominância de Jaliscoa grandis Burks, 1954 (Hymenoptera: Pteromalidae), sendo o método “colar” o mais adequado, registrando um parasitismo de 46,5%. O inimigo natural J. grandis mostrou-se um potencial agente de controle biológico do bicudo-doalgodoeiro no Brasil.

The boll weevil is considered the main pest of cotton crop, being mainly controlled with the use of agrochemicals. However, there are some parasitoids mentioned in the literature that can play an important role in Integrated Pest Management as components of Biological Control programs. To propose an effective control program using parasitoids, it is necessary to understand biotic and abiotic factors involving the development of the pest. Therefore, this study aimed to evaluate biological aspects, determine thermal requirements, and create a fertility life table for A. grandis at different temperatures, aiming to compare natural and two artificial diets for insect rearing in the laboratory and accomplish the ecological zoning of the pest in Brazil for production and use of natural enemies, according to the estimated net reproductive rates, R₀. Insects were studied at seven different temperatures, covering the range of the most temperatures observed in Brazilian regions. Different methods of larval parasitoid prospecting were also evaluated using three field collection methods over a period of 12 weeks between February and May 2022. Significant differences were observed between temperatures for each diet, but there were no differences between the diets tested for total development duration, viability, fecundity, and longevity of females and males. The net reproductive rate at 25°C and 28°C were higher than at the other temperatures tested with different diets. It can be concluded that the tested artificial diets can replace the natural diet for rearing the cotton boll weevil in the laboratory. The maps indicated that tropical regions with average temperatures above 20°C are more favorable for A. grandis populations. Overlapping the occurrence of cotton with these maps, the most favorable areas for the population growth of A. grandis were observed in the Midwest region and part of the Northeast region. Five species of parasitoids were identified, with Jaliscoa grandis Burks, 1954 (Hymenoptera: Pteromalidae) being the predominant species, and the "colar" method was the most suitable, registering a parasitism rate of 46.5%. The natural enemy J. grandis showed potential as a biological control agent of the cotton boll weevil in Brazil.