A ferrugem da videira, causada por Neophysopella tropicalis, é uma das doenças foliares mais destrutivas da viticultura tropical e subtropical. Embora presente no Brasil há mais de duas décadas, não há informações suficientes a respeito do progresso de N. tropicalis em diferentes condições ambientais. O microclima do dossel de videiras pode ser alterado em função das diferentes técnicas de condução de videira e com o uso de coberturas plásticas. Já o macroclima poderá ser alterado em decorrência das mudanças climáticas globais que se avizinham, devido às alterações nos padrões de precipitação e temperatura. A ocorrência de períodos de seca está cada vez mais frequente ao redor do mundo e esta tendência deverá aumentar no futuro. Esta situação é preocupante pois o estresse hídrico poderá influenciar a suscetibilidade de plantas a patógenos, além de afetar diretamente o crescimento e a produção de videiras. Dessa maneira, os principais objetivos desse trabalho foram: (i) avaliar o efeito da cobertura plástica e de diferentes sistemas de condução sobre o progresso temporal da ferrugem da videira e ii) determinar os efeitos do estresse hídrico na severidade da ferrugem e na fisiologia e crescimento de videiras. Em experimentos de campo, foram caracterizadas 15 epidemias da ferrugem da videira ocorridas entre as safras de 2014/2015 e 2019/20. As epidemias se desenvolveram a partir de fonte de inóculo natural e/ou artificial, em diferentes sistemas de condução de videira, com ou sem cobertura plástica. Em experimentos em casa de vegetação, mudas de videira foram submetidas aos seguintes tratamentos: sem estresse, estresse abiótico pela limitação hídrica, estresse biótico pela ferrugem e estresses abiótico e biótico simultâneos. As epidemias no campo conduzidas apenas por inóculo natural iniciaram mais tardiamente em relação às epidemias contendo inóculo artificial. A intensidade da doença variou entre as safras, entretanto, não foi possível verificar efeito direto dos sistemas de condução e da cobertura plástica no progresso temporal da ferrugem. O desenvolvimento da epidemia esteve relacionado principalmente à disponibilidade de inóculo e diferentes condições climáticas ao longo das safras. O estresse hídrico combinado com a infecção por N. tropicalis causaram alterações no metabolismo de carboidratos e reduções significativas nas trocas gasosas e no acúmulo de biomassa das raízes de videiras. Contudo, o maior impacto dos estresses combinados foi na assimilação líquida de CO₂ em razão da intensa necrose do tecido foliar, observada apenas nessas condições.

Grapevine leaf rust, caused by Neophysopella tropicalis, is one of the most destructive leaf diseases in tropical and subtropical regions. This disease is present in Brazil for more than two decades, but there is little information about the progress of N. tropicalis under different environmental conditions. The canopy microclimate of vines can be altered depending on the different training systems and on the use of plastic cover. On the other hand, the macroclimate may be altered as a result of the upcoming global climate changes, due to changes in precipitation and temperature patterns. Droughts are becoming more frequent around the world and it is expected to increase in the future. Water stress can reduce plant susceptibility to diseases, as well as the growth and productivity of vines. Thus, the main objectives of this work were: (i) to evaluate the effect of plastic cover and of the different training systems on the temporal progress of N. tropicalis and ii) to determine the effects of water stress on rust severity and on vine physiology and growth. In field experiments, 15 grapevine rust epidemics were characterized, between the 2014/2015 and 2019/20 seasons. Epidemics developed from natural and/or artificial inoculum sources, in different training systems, with or without plastic cover. In greenhouse experiments, vine seedlings were submitted to the following treatments: no stress, abiotic stress due to water limitation, biotic stress due to N. tropicalis infection and simultaneous abiotic and biotic stresses. Field epidemics resulting from natural inoculum started later than epidemics developed from artificial inoculum. The intensity of the disease varied between the seasons; however, it was not possible to verify the direct effect of the training systems and the plastic cover on the disease temporal progress. The development of the epidemic was mainly related to the inoculum availability and different climatic conditions throughout the seasons. Water stress combined with N. tropicalis infection caused alterations in carbohydrate metabolism and significant reductions in gas exchange and in the biomass accumulation in grapevine roots. However, the combined stressors had the largest influence on net photosynthetic CO₂ assimilation because of the resulted necrosis of leaf tissue observed, exclusively, under these conditions.