No Brasil, as mulheres sofrem com diversas discriminações no ambiente de trabalho, sendo o assédio sexual uma das mais graves delas. Essa violência causa não apenas quadros de insatisfação com o trabalho, diminuição do comprometimento organizacional, índices maiores de estresse - podendo, até mesmo, levar ao desenvolvimento do transtorno de estresse póstraumático (TEPT) -, mas também a interrupção das carreiras das mulheres que são assediadas, já que muitas acabam pedindo demissão para evitar lidar com a violência e o ambiente tóxico criados por essa conduta. Este trabalho tem, portanto, como objetivo central averiguar a hipótese de que o assédio sexual é uma violência de gênero e, então, avaliar suas consequências, tanto para as vítimas, como para as organizações, e possíveis formas de prevenção e resposta. Os objetivos específicos consistem em analisar qual o conceito de assédio sexual, o que o caracteriza e como a legislação brasileira o conceitua; aferir qual o perfil de vítima dessa conduta nas organizações; averiguar se trata-se de uma forma de violência de gênero; analisar os efeitos do assédio sexual para as mulheres trabalhadoras e para as organizações e, por fim, avaliar como as organizações podem prevenir e responder ao assédio sexual, especialmente por meio de estudos empíricos desenvolvidos no âmbito da psicologia. Para tanto, utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica para o levantamento de artigos, dissertações, teses, livros, pesquisas, reportagens, entre outros. Os dados levantados foram analisados à luz do método dedutivo, levando às conclusões de que mulheres que não se adequam ao padrão estabelecido para o gênero sofrem mais com essa violência do que aquelas que se adequam ao padrão feminino de comportamento. Neste sentido, o assédio sexual pode ser entendido como uma conduta derivada da descriminação de gênero. Foi possível concluir, também, que para evitar e combater o assédio sexual, as organizações devem ter: políticas antiassédio contundentes, treinamento e instrução para todos os membros da organização, posicionamento firme dos líderes ao transmitir que o assédio não será tolerado e criação de ambientes menos competitivos e hierarquizados, sendo os programas de compliance uma alternativa à implementação dessas medidas.

In Brazil, women suffer from many forms of discrimination at the workplace. The sexual harassment is one of the most serious of them. Sexual harassment is accountable not only for job dissatisfaction, lower levels of organizational commitment, higher rates of job stress - which may even lead to the development of posttraumatic stress disorder (PTSD) - but also, it interrupts the victims careers, since many end up quitting their jobs to avoid dealing with the violence and toxic environment created by this conduct. This dissertation, therefore, aims to investigate the hypothesis that sexual harassment is a type of gender violence and, then, to assess its consequences, both for victims and organizations, as well as possible forms of prevention and accountability. The specific objectives consist of analyzing the concept of sexual harassment, differentiating it and conceptualizing it regarding Brazilian legislation; profiling possible targets of sexual harassment conducts in organizations; verifying whether it is a form of gender violence; analyzing the effects of sexual harassment on working women and organizations; and, finally, evaluating how organizations can prevent and respond to sexual harassment, especially through empirical studies developed in the field of psychology. Thus, the bibliographic research method was used in order to review articles, dissertations, theses, books, surveys, reports, among others. The data collected were analyzed in light of the deductive method, leading to the conclusion that women who do not fit the established standard for gender suffer more from this violence than those that fit the female behavior pattern. In this sense, sexual harassment can be understood as a conduct derived from gender discrimination. It was also possible to infer that to prevent and fight against sexual harassment, organizations should have: compelling anti-harassment policies, training and instruction for all members, solid positioning of leaders in conveying that it will not be tolerated and also, creating less competitive and hierarchical environments, with compliance programs being an alternative to implementing these measures.