A pesquisa tem como objetivo analisar, através de um viés crítico, as transformações recentes ocorridas nas práticas curatoriais e nas exposições de arte contemporânea em virtude dos processos de globalização cultural. A proposta parte da análise de percursos formativos de curadores contemporâneos inseridos em um contexto global de exposições no formato bienal. A hipótese inicial é a da emergência da figura do curador gestor, que além da seleção e apresentação de obras de arte tem hoje suas funções expandidas e com enorme aderência a técnicas dos campos da gestão e administração. A circulação é um elemento central nas transformações sociais que experimentamos com a emergência da globalização, dado que pensar a comunicação e a circulação significa questionar limites pré-estabelecidos de tempo e espaço, pois rompe com a história nacional ao se propor uma lógica de conexões, criando outras unidades políticas; altera os recortes cronológicos, uma vez que cronologias tradicionais não dão conta de explicar as dinâmicas de mobilidade da sociedade contemporânea, que se mostra muito mais complexa, fluída e diversa do que se poderia imaginar a partir das datações fechadas; e mostra a complexidade das identidades, permitindo pensar em termos de trocas ou transferências, deslocamentos e interações culturais. Dessa forma, por meio da análise dos fluxos de curadores pudemos mapear redes de relações globais no mundo da arte, de forma a identificar relações entre agentes e instituições, desvelando como são formados alguns regimes de legitimação e valorização da arte. A pesquisa também explora como algumas exposições no formato bienal as quais tiveram seu número muito aumentado desde meados dos anos 1990 -, tem se transformado em plataformas para a arte do sul global. Isso ocorreria de maneira a tensionar a hegemonia dos centros tradicionais da arte ocidental, uma vez que algumas bienais se formulam como espaços de inserção de uma produção dita periférica, em um esforço de superação de posturas colonialistas. Nesse sentido, buscou-se verificar qual a aderência do curador gestor a vertentes curatoriais que buscam erodir hierarquias estéticas que ainda persistem no sistema.

The research aims to analyze, through a critical lens, the recent transformations in curatorial practices and contemporary art exhibitions due to processes of cultural globalization. The proposal starts from the analysis of the formative paths of contemporary curators inserted in a global context of biennial exhibitions. The initial hypothesis is the emergence of the figure of the curator-manager, who, in addition to selecting and presenting works of art, now has expanded functions and a strong adherence to techniques from the fields of management and administration. Circulation is a central element in the social transformations we experience with the emergence of globalization since thinking about communication and circulation means questioning pre-established limits of time and space, breaking with national history by proposing a logic of connections, creating other political units; it changes chronological cuts, since traditional chronologies cannot explain the dynamics of mobility in contemporary society, which is much more complex, fluid and diverse than one could imagine from closed datings; and it shows the complexity of identities, allowing us to think in terms of exchanges or transfers, displacements and cultural interactions. Thus, through the analysis of curatorial flows, we were able to map global networks of relations in the art world, identifying relationships between agents and institutions, revealing how some regimes of legitimization and valorization of art are formed. The research also explores how some biennial exhibitions - which have increased in number since the mid-1990s - have become platforms for global south art. This would occur in a way that tensions the hegemony of traditional Western art centers, as some biennials are formulated as spaces for the insertion of so-called peripheral production, in an effort to overcome colonialist postures. In this sense, we sought to verify the adherence of the curator-manager to curatorial trends that seek to erode aesthetic hierarchies that still persist in the system.