Essa pesquisa tem por objeto de estudo o Clube Náutico Araraquara/SP, paisagem cultivada inicialmente por agricultores, mas reconhecida e idealizada pelo Engenheiro Agrônomo Luiz Antonio Ferraz Matthes, relevante tanto por sua qualidade estética e escala de implantação, como por seu processo de transformação e gestão, que se perpetuam por mais de cinquenta anos. O ineditismo em explorar a composição e formação desta paisagem, do ponto de vista da arquitetura da paisagem, se pauta no questionamento inicial de como intervir em um lugar e desenvolver seu projeto, como forma de revelar o potencial paisagístico desse território. Neste contexto, o principal objetivo deste estudo é a análise da conformação atual da paisagem do Clube por meio da investigação de informações que possibilitam reconhecer como se deu o seu processo de formação e transformação no tempo. Em paralelo, fez-se necessário analisar a presente paisagem, por meio de conceitos afeitos à paisagem e ao paisagismo, remetendo a questões estéticas, culturais, ambientais e geográficas desta particular paisagem. Como desdobramento do objetivo, coube, ainda, conhecer o processo de projeto do autor, moldado a partir de sua formação, seus contatos e influências, em especial a longa convivência e amizade com Roberto Burle Marx, interações que vieram a configurar a sua forma singular de planejar, projetar e gerir paisagens. A interlocução entre estes conhecimentos distintos corrobora o surgimento de soluções técnicas e artísticas que fogem do comum, revelando uma paisagem que se apresenta enquanto laboratório. Fruto de puro artifício, a compilação e organização de imagens fotográficas ao final deste trabalho sugerem uma narrativa que procura conduzir, convidar e conectar o leitor à obra, embrenhando-o nessa reconstrução cultural e temporal, em uma experiência objetiva e, ao mesmo tempo, subjetiva, caleidoscópio de cores, texturas, formas e tamanhos; diálogos espaciais e vegetais que apreendem, confundem e surpreendem o olhar, ao passo que abriga uma das maiores coleções de plantas do país. Um manifesto que testemunha estratégias de gestão política e paisagística, quebra de paradigmas, e a constatação de que é possível alcançar um planejar e projetar com a paisagem.

This research has as its object of study the Clube Náutico Araraquara/SP, a landscape initially cultivated by farmers, but recognized and idealized by the Agronomist Luiz Antonio Ferraz Matthes. It is relevant both for its aesthetic quality and scale of implantation, as well as for its process of transformation and management, which has lasted for more than fifty years. From the point of view of landscape architecture, the novelty in exploring the composition and formation of this landscape is based on the initial questioning of how to intervene in a place and develop its project as a way of revealing the landscape potential of this territory. In this context, the main objective of this study consists of the analysis of the current composition of the landscape of the club through the search of data that make it possible to recognize how its formation and transformation process took place over time. Concurrently, it was necessary to analyze the present landscape, through concepts related to landscape and landscaping, by referring to aesthetic, cultural, environmental and geographical issues of this particular landscape. As an unfolding of the objective, it was also important to diving into the author's project process, shaped from his career, contacts and influences, specially his long term acquaintance and friendship with Roberto Burle Marx; these interactions shaped his singular form to plan, design and manage landscapes. The dialogue between these fields of knowledge corroborates the emergence of technical and artistic solutions that are exceptional, revealing a landscape that presents itself as a laboratory. The compilation and organization of photographic images at the end of this work suggest a narrative that seeks to lead, invite and connect the reader to the work, immersing him in this cultural and temporal reconstruction, in an objective experience and, at the same time, subjective, kaleidoscope of colors, textures, shapes and sizes; dialogues between space and vegetation that apprehend, confuse and surprise the eye, while housing one of the largest collections of plants in the country. A manifesto that witnesses political and landscape management strategies, breaking paradigms, and the realization that it is possible to achieve planning and design with the landscape.