Nas Relações Internacionais, os estudos contemporâneos das operações de paz das Nações Unidas (OPs) tendem a enfatizar em suas análises dispositivos como o fortalecimento institucional e a reforma dos aparatos de segurança pública nas sociedades pós-conflito, com demarcado recorte na revigoração do Estado. Essas abordagens, entretanto, parecem ignorar aspectos relevantes para os resultados das operações, como variáveis sociais que podem impactar diretamente no sucesso das missões, especialmente aquelas que empreendem práticas de peacebuilding, onde a ONU assume papel ativo dentro das sociedades. Na última década, cresceu a literatura crítica que levanta tais variáveis como fundamentais para a estabilidade da paz durante e após as OPs, uma vez que o empoderamento local é essencial para que as instituições fortalecidas do Estado em que houve a ingerência sejam duráveis com a eventual saída da ONU tópico que é nomeado como local ownership dentro dos debates. Com isso em consideração, esta pesquisa visa contribuir para este debate a partir de uma nova chave de leitura que propõe que o reconhecimento institucional de identidades coletivas também é elemento fundamental para a construção de consensos, estabilidade política e local ownership nos Estados pós-guerra. Para isso, observará os limites enfrentados pela Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA), com recorte entre sua fundação, em março de 2002 e agosto de 2021, quando os Estados Unidos retiraram suas tropas do país, observando como as ONU concebe o tratamento de identidades coletivas em seus empreendimentos de conciliação nacional em um contexto de alta diversidade identitária. O estudo consistirá em uma análise qualitativa de fontes primárias (análise de documentos oficiais) e secundárias (revisão bibliográfica) relacionadas à OP e, ao trabalhar a importância de inserir considerações identitárias no desenvolvimento de medidas de peacebuilding, pretende fornecer subsídios para posteriores discussões, acadêmicas e não-acadêmicas, não apenas sobre a operacionalização em si mesma da UNAMA, como sobre as maneiras de conceber e de operacionalizar a construção da paz pela ONU.

In International Relations, contemporary studies of the United Nations Peace Operations (POs) tend to emphasize the analysis of topics like strengthening institutions and reforming the security sector of post-conflict societies, focusing on underpinning the State. Nevertheless, these approaches seem to ignore relevant aspects for the results of the operations, such as social variables that can directly impact the success of the missions, especially those that undertake peacebuilding practices, where the UN assumes an active role within societies. In the last decade, an increasing amount of critical literature has pointed out such variables as fundamental for the stability of peace during and after POs, since local empowerment is essential for the durability of State institutions strengthened by the UN with the eventual departure of the organization such topic is named as local ownership within the debates. Thus, this research aims to contribute to this debate from a new perspective that proposes that the institutional recognition of collective identities is also a fundamental element for consensus-building, political stability and local ownership in post-war States. To this end, it will observe the limits faced by the United Nations Assistance Mission to Afghanistan (UNAMA) in between its foundation in March 2002 and August 2021, with the US troops withdrawal from the country, analyzing how the UN conceives collective identities in its initiatives of national conciliation in a highly diverse identitary context. The study will consist of a qualitative analysis of primary and secondary sources (investigation of official documents and literature review) related to the PO and, by highlighting the importance of considering identities in the development of peacebuilding practices, it intends to subsidize further discussions, academic and non-academic, regarding not only the operationalization of UNAMA itself but also the ways in which the UN conceives and operationalizes peace.