Introdução: O envelhecimento da população em escala mundial se reflete na maior necessidade de políticas públicas específicas para as pessoas idosas em níveis nacional e internacional. No entanto, grupos minoritários da população idosa ainda padecem de relativa invisibilidade em determinados contextos, sendo vítimas de preconceito e discriminação múltipla, como é o caso das pessoas LGBTQIA+. No Brasil, onde predomina uma cultura cis-heteronormativa, pessoas idosas LGBTQIA+ são negligenciadas em seus direitos e podem ser invisibilizadas nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Objetivos: identificar e discutir estratégias de atenção para pessoas idosas LGBTQIA+ nas ILPI conveniadas com o município de São Paulo. Método: estudo qualitativo, exploratório e descritivo, com revisão de literatura do tipo scoping review e coleta de dados através da técnica de grupos focais online com roteiro de perguntas semidiretivas. Este estudo qualitativo utilizou-se de revisão de literatura com busca nas bases AgeLine, Portal de Periódicos CAPES, SciELO, Portal USP e HeinOnline de setembro de 2021 a fevereiro de 2022 para selecionar artigos publicados sem delimitação temporal com os descritores Prejudice, Nursing home, Sexual and Gender Minorities, LGBT*, Homes for the aged e Long-term Care e os seus correspondentes em português instituição de longa permanência, LGBT*, preconceito, e minorias sexuais e de gênero. Os grupos focais foram realizados com gestores de ILPI conveniadas com o Município de São Paulo ou profissionais por estes indicados. Resultados: Na revisão scooping review de um total de 642 artigos iniciais, 31 compõem a amostra final. Foram identificadas quatro categorias e 11 subcategorias que delimitam atores, causas, efeitos e soluções. Constatou-se que ainda as ILPI suscitam desconfiança e medo da população idosa LGBTQIA+ por conta do histórico de discriminação e preconceito com essa população não só por parte da sociedade, mas também das equipes de saúde e assistência social destes equipamentos, pois ainda necessitam de capacitação e treinamento para melhor atender essa comunidade em suas especificidades. Nos grupos focais online as discussões revelaram entre outros achados, a necessidade de adoção de formulários e formas de tratamento de pronomes e nomes sociais dentro deste equipamento pelas equipes. Também mostrou-se a necessidade de estímulo a contratação de funcionários LGBTQIA+, bem como maior contato com instituições simpáticas a esses grupos para aumentar a segurança não só destes funcionários de qualquer tipo de agressão por parte dos residentes, como também suscitar confiança dos idosos LGBTQIA+ ainda temerosos de vivenciar sua identidade ou orientação sexual dissidente. Conclusão: Falta de vivência com pessoas LGBTQIA+, crenças morais e religiosas e até mesmo o idadismo imposto à sexualidade idosa na sociedade são alguns dos motivos apontados neste estudo para manutenção do preconceito que condena pessoas idosas LGBTQIA+ à invisibilidade. Por conta disto, sugere-se uma série de recomendações de cunho organizacional às instituições, como garantia de abrir espaço à diversidade nas políticas públicas, desde reformulação de formulários de identificação, adaptação de espaços, banheiros plurais, privacidade de quartos a casais, até mesmo treinamentos e capacitação interna contínuas nas próprias ILPI, como forma a reformular a visão destes locais como um espaço acolhedor e receptivo a esta população marginalizada e fragilizada.

Introduction: The worldwide aging of the population is reflected in the increased need for specific public policies for older persons at national and international levels. However, minority groups of the older people population still suffer from relative invisibility in certain contexts, being victims of prejudice and multiple discrimination, as it is the case of LGBTQIA+ people. In Brazil, where a cis-heteronormative culture prevails, LGBTQIA+ older persons are neglected in their rights and may be invisibilized in Long-term Care (LTC). Aims: to identify and discuss care strategies for LGBTQIA+ older adults in institutions for older persons in the city of São Paulo. Method: qualitative, exploratory and descriptive study, in a scoping review and data collection through online focus groups with semi direct questions. This qualitative study used a literature review with a search in AgeLine, Portal de Periódicos CAPES, SciELO, Portal USP and HeinOnline from September 2021 to February 2022 to select articles published without temporal delimitation with the descriptors "Prejudice", "Nursing home", "Sexual and Gender Minorities", "LGBT*", "Homes for the aged", and "Long-term Care" and their Portuguese correspondents "long-stay institution", "LGBT*", "prejudice", and "sexual and gender minorities". The focus groups were conducted with managers of LTC convened with the Municipality of São Paulo or professionals indicated by them. Results: In the scooping review of a total of 642 initial articles, 31 composed the final sample. Four categories and 11 subcategories were identified, delimiting actors, causes, effects and solutions. It was found that the LTC still arouse distrust and fear of the LGBTQIA+ older population because of the history of discrimination and prejudice against this population not only by society, but also by the health and social assistance teams of these equipment, as they still need qualification and training to better serve this community in its specificities. In the online focus groups, the discussions revealed among other findings the need to adopt forms and forms of treatment of pronouns and social names inside this equipment by the teams. It was also shown the need to encourage the hiring of LGBTQIA+ staff, as well as greater contact with institutions sympathetic to these groups to increase the safety not only of these staff from any kind of aggression by residents, but also to raise confidence of LGBTQIA+ older people still fearful of experiencing their dissenting gender identity or orientation. Conclusion: Lack of experience with LGBTQIA+ people, moral and religious beliefs, and even the ageism imposed on older people sexuality in society are some of the reasons pointed out in this study for maintaining the prejudice that condemns LGBTQIA+ older persons to invisibility. Because of this, we suggest a series of recommendations of organizational nature to institutions as a guarantee to make room for diversity in public policies, from the reformulation of identification forms, adaptation of spaces, plural bathrooms, privacy of rooms for couples, even continuous internal training and capacity-building in the institutions themselves, as a way to reformulate the vision of these places as a welcoming and receptive space to this marginalized and fragile population.