A dissertação que aqui apresento, compreende periferia como sistema cultural e reflete sobre isso no contexto da universidade pública contemporânea. Tais reflexões foram construídas a partir da minha vivência nesses espaços. Em uma abordagem teórica-metodológica ancorada nas pesquisas radicalmente qualitativas, investigo periferia no contexto acadêmico e o processo histórico do surgimento de periferias na cidade de São Paulo, especialmente na região do Grajaú, local em que passei a maior parte da minha vida. Ao compreender periferia como sistema cultural, apresento algumas práticas culturais mediadas pela oralidade Slams, Batalhas de Rima e Saraus que possibilitaram minha formação e a de outras/outros sujeitas/os periféricos. Algumas/uns sujeitas/os periféricas/os agora também tentam ocupar as universidades públicas contemporâneas, embora o modelo hegemônico de universidade ainda não tenha realizado as mudanças estruturais necessárias para que esse novo grupo estudantil consiga se reconhecer, pertencer e construir na e a universidade. Como respostas à estas tensões, os próprios estudantes desenvolvem estratégias que possibilitam sua permanência na universidade muitas delas influenciadas por práticas periféricas. Por fim, reflito sobre o espaço universitário como espaço de produção e reprodução do conhecimento e também de produção e de reprodução da opressão por meio do conhecimento

The dissertation I present here, understands the periphery as a cultural system and reflects on it in the context of the contemporary public university. Such reflections were built from my experience in these spaces. In a theoretical-methodological approach anchored in radical qualitative research, I investigate periphery in the academic context and the historical process of the emergence of peripheries in the city of São Paulo, especially in the Grajaú, where I spent most of my life. Understanding the periphery as a cultural system, I present some cultural practices - Slams, Battles of Rhyme and Saraus - that made possible my formation and that of other peripheral subjects. Some peripheral subjects now also try to occupy contemporary public universities, although the hegemonic model of university has not yet made the structural changes necessary for this new student group to be able to recognize, belong, and build on the university. In response to these tensions, students themselves develop strategies that enable them to stay in college - many of them influenced by peripheral practices. Finally, I reflect on the university space as a space for the production and reproduction of knowledge and also for the production and reproduction of oppression through knowledge