O tratamento da dor nos animais, embora seja sempre um desafio, vem se aprimorando com o surgimento de novas modalidades terapêuticas e de diagnóstico. Os opioides constituem uma importante classe de fármacos empregados em felinos, sendo a buprenorfina uma segura opção terapêutica nesta espécie. Desta forma, o presente estudo prospectivo, randomizado e cego, teve por objetivo verificar a eficácia analgésica da buprenorfina isoladamente ou associada à dexmedetomidina no controle da dor em gatas submetidas à ovariohisterectomia eletiva, bem como a mensuração da glicemia, cortisol e interleucina-6. Trinta e seis gatas (12 ± 5 meses e 2,9 ± 0,5 kg) foram randomizadas em três diferentes grupos: grupo buprenorfina (B) 20mcg/kg, grupo buprenorfina 20mcg/kg + dexmedetomidina (BDex) 10mcg/kg e grupo dexmedetomidina (Dex) 10mcg/kg, administradas pela via intramuscular (IM) como medicação pré-anestésica. As gatas, foram avaliadas ao longo de 24 horas a partir do momento basal através de ferramentas objetivas (parâmetros fisiológicos) e subjetivas (escalas de dor). Medicação de resgate analgésico foi realizada com dipirona 25mg/kg IV de acordo com a pontuação de resgate ≥5/20 segundo a Escala composta de dor em felinos - Glasgow (CMPS-Feline). O grau de significância estabelecido foi de 5% (p<0,05). Não houve mudanças clinicamente relevantes nos parâmetros fisiológicos, porém as gatas do grupo B apresentaram menor valor de glicemia no momento TOVD quando comparada aos outros grupos (p <0,0001). O cortisol sérico no grupo B apresentou-se maior em relação ao grupo BDex (p=0,0298) e Dex (p=0,0022). Nos escores de sedação, houve diferença significativa entre os grupos sendo que o grupo B apresentou grau de sedação menor que o grupo BDex nos momentos TMPA e T1h (p <0,0001) e Dex nos momentos TMPA e T1h (p=0,0336; p=0,0019), respectivamente. Quanto aos escores de dor, não houve diferença significativa entre os grupos em nenhuma das escalas de dor utilizadas. A escala facial de felinos apontou diferença entre momentos, sendo que nos grupos Bdex e Dex, o TB apresentou menores valores em relação ao T1h (p=0,0063 e p=0,0206 respectivamente) e T2h (p=0,0406 e p=0,0043, respectivamente). Foram observados diferentes efeitos adversos tais como midríase, prolapso de terceira pálpebra, vocalização, êmese, sialorreia, excitação, disforia, entre outros. Quanto ao resgate analgésico houve diferença significativa entre o grupo B e Dex (p=0,0130) e entre o grupo BDex e o Dex (p=0,0041), sendo o grupo Dex o que apresentou maior número de resgates 10/17 animais. Assim, a partir dos resultados encontrados, pode-se concluir que o emprego da buprenorfina na dose de 20mcg/kg pela via IM em gatas mostrou-se seguro e eficaz para o controle da dor em gatas submetidas à ovariohisterectomia eletiva em até seis horas de pós-operatório quando utilizada isoladamente ou associada a dexmedetomidina, não apresentando qualquer efeito sedativo.

Pain ’s treatment in animals, although is a challenge, it has been improved with the new therapeutic and diagnostic modalities. Opioids are considered as an important class of drugs which are used in felines, and buprenorphine is a safe therapeutic option in this species. Therefore, the present prospective, randomized and blinded study target to evaluate the analgesic efficacy of buprenorphine alone or associated with dexmedetomidine for pain control in female cats undergoing elective ovariohysterectomy as well as the measurement of blood glucose, cortisol and interleukin-6. Thirty-six cats (12 ± 5 months and 2.9 ± 0.5 kg) were randomized into three different groups: buprenorphine (B) 20mcg/kg group, 20mcg/kg buprenorphine + dexmedetomidine (BDex) 10mcg/kg group and dexmedetomidine (Dex) 10mcg/kg, administered intramuscularly (IM) as pre-anesthetic medication. Induction was performed with propofol, and maintenance with isoflurane and epidural lidocaine for trans-operative analgesia. The cats were evaluated over 24 hours from baseline through objective (physiological parameters) and subjective (pain scales) tools. Rescue medication was performed with dipyrone 25mg/kg IV according to rescue score ≥5/20 and to the Composite Feline Pain Scale - Glasgow (CMPS-Feline). The level of significance established was 5% (p< 0.05). There were no clinically relevant changes in the physiological parameters, but the cats in group B had a lower glycemic value at the OVD moment when compared to the other groups (p<0.0001). Serum cortisol in group B was higher in relation to the BDex (p=0.0298) and Dex (p=0.0022) group. There was a significant difference in sedation scores between the groups, with group B had lower degree of sedation than the BDex group a times TMPA and T1h (p<0.0001) and Dex at times TMPA and T1h (p=0.0336 ; p=0.0019), respectively. For pain scores, there was no significant difference between groups in any of the pain scales used. The feline facial scale showed a difference between moments, and in the Bdex and Dex groups, the TB had lower values in relation to T1h (p=0.0063 and p=0.0206 respectively) and T2h (p=0.0406 and p= 0.0043, respectively). Different adverse effects such as mydriasis, third eyelid prolapse, vocalization, emesis, drooling, excitation, dysphoria, among others, were observed. For analgesic rescue, there was a significant difference between group B and Dex (p=0.0130) and between the BDex and Dex group (p=0.0041), with the Dex group showed the highest number of rescues: 10/17 animals. Thereby, according to the results that have found, it can be concluded that the use of buprenorphine at a dose of 20mcg/kg by the IM route in cats proved to be safe and effective for pain control in cats underwent to elective ovariohysterectomy within six hours of postoperative period when used alone or associated with dexmedetomidine, without any sedative effect.