A prevalência aparente e os fatores de risco da brucelose e tuberculose bovina em rebanhos e em animais foram estimados por meio de estudo transversal no estado do Paraná, Brasil. A área foi dividida em sete regiões e uma amostragem aleatória em dois estágios foi realizada nas propriedades e nos bovinos de cada uma destas regiões no período de 2018 a 2019. Amostras de soro foram colhidas de 11.592 vacas para diagnóstico em série da brucelose utilizando AAT e TPF, enquanto 17.210 vacas foram testadas na prova de tuberculização comparativa em 1.757 propriedades. Um questionário foi aplicado visando estabelecer potenciais fatores de risco. A rede de movimentação de bovinos na região também foi analisada e os parâmetros de rede de propriedades infectadas e não infectadas por brucelose foram comparados. A soroprevalência de brucelose bovina em propriedades e em animais foi de 4,87% (IC 95%: 3,98-5,93%) e 2,24% (IC 95%: 1,47-3,41%), respectivamente e a doença está distribuída de forma desigual no estado. No caso da tuberculose bovina, a prevalência aparente em rebanhos foi de 2,5% (IC 95%: 1,87%-3%) e a prevalência aparente em animais foi de 0,35% (IC 95%: 0,21-0,59%) e foram detectados clusters na área de estudo. A regressão logística multivariada identificou que rebanhos maiores são um fator de risco importante nas duas doenças. Ainda, no caso da brucelose, a testagem de animais pelos produtores demonstrou ser um fator de proteção. Para a tuberculose bovina, os rebanhos leiteiros demonstram estar sob maior risco, bem como aquelas propriedades que fazem uso de soro de leite na alimentação do rebanho. Os resultados obtidos demonstram que não houve alteração na ocorrência das duas doenças em relação a estudos anteriores. A rede de comércio de gado do Paraná é do tipo livre de escala os movimentos são altamente concentrados em uma proporção relativamente pequena de propriedades. Os rebanhos infectados por brucelose, em média, comercializam mais animais do que rebanhos não infectados e estão mais conectados entre si do que outros pares de rebanho da rede. Dados estes achados, recomenda-se que as políticas para controle da brucelose incluam um programa de vacinação amplo nas áreas de maior prevalência do estado e a estratégia de erradicação nas áreas de mais baixa prevalência. Recomenda-se que para o controle da tuberculose bovina inclua-se estratégias de vigilância baseada em risco e sacrifício de animais positivos. Os produtores devem estar cientes do risco de adquirir animais sem serem testados previamente.

Apparent prevalence and risk factors of bovine brucellosis and tuberculosis (bTB) in herds and cattle were estimated by a cross-sectional study in the state of Paraná, Brazil. The area was divided into seven regions and a random, two-stage sampling was performed on properties and cattle from each region between 2018 and 2019. Serum samples were collected from 11,592 cows over 24 months old for brucellosis testing in a serial protocol of BPAT and FPA, and 17,210 cows were tested with comparative tuberculin test in 1,757 properties. A questionnaire was applied to identify potential risk factors. Also, the network of cattle trade in the area was analysed and the parameters of brucellosis infected and non-infected farms were compared. The seroprevalence of bovine brucellosis on properties and in cattle was 4.87% (95% CI: 3.985.93%) and 2.24% (95% CI: 1.473.41%), respectively and the disease is unevenly distributed across the state. For bTB, apparent prevalence in herds was 2.5% (95% CI: 1.87-3%) and cattle prevalence was 0.35% (95% CI: 0.21-0.59) and clusters were identified in the area. Multiple logistic regression analysis identified larger herds as risk factor for both diseases. Also, for brucellosis, testing animals was found a protective factor. For bTB, dairy herds pose higher risk of infection, as well as feeding cows with whey. These results demonstrate no change in the prevalence when comparing previous studies. The network of cattle trade is a scale-free type, highly concentrated in a relatively small number of farms. Brucellosis-infected farms are more likely to trade animals than non-infected, and also, they are more closely connected among themselves than other pairs of farms in the network. Given our findings, it is recommended that policies for brucellosis control include a widespread vaccination program for higher prevalence areas and eradication approach to lower prevalence areas. It is recommended that policies for bTB control include risk-based surveillance and culling. Farmers should be advised about the risks of introducing animal into their herds without testing them for both diseases.