A violência é um problema social e de saúde que afeta física e mentalmente a várias espécies, entre elas, a canina e a felina. Os adolescentes podem sofrer como perpetradores, testemunhas ou vítimas diretas de violência, o qual lhes compromete o desenvolvimento psicossocial. O objetivo do presente estudo foi analisar, por meio da Teoria do Comportamento Planejado (TCP), os determinantes da violência contra cães e gatos praticada e presenciada por adolescentes no município de São Paulo. A metodologia envolveu a definição do comportamento-alvo, a elicitação de crenças para definir o conteúdo do questionário, o desenvolvimento e aplicação do questionário e a análise de dados descritiva e mediante modelagem de equações estruturais. A aplicação de questionário foi presencialmente em seis escolas no município de São Paulo, com amostragem por conveniência, no total de 918 estudantes do ensino fundamental II e médio. Para a maioria dos adolescentes, a violência contra um cão ou gato não traz consequências positivas, é desaprovada e pouco praticada pelos seus referentes sociais, pode ser evitada por autocontrole, não é algo que tenham realizado no passado e está relacionada com a violência interpessoal. A contraparte minoritária, por ter se posicionado opostamente, sugere que atitudes, normas subjetivas e controle percebido são categorias estratégicas para orientar a implementação de medidas preventivas. O controle percebido e ter presenciado violência interpessoal na família foram preditores estatisticamente significativos da intenção de maltratar e do histórico de ter maltratado cães e gatos. A significância desses construtos e a falta de significância dos outros, devem ser interpretadas à luz das limitações do questionário utilizado. Os comportamentos agressivos não são os únicos que violentam cães e gatos. Existe uma ecologia de violências que além de acometer essas e outras espécies, gera sofrimento por meios estruturais, simbólicos e epistêmicos que marginalizam e tornam periféricos os interesses das vítimas. A pesquisa e a prevenção de comportamentos violentos contra cães e gatos devem se articular com outros esforços voltados à desestruturação dessa ecologia, para poder assim promover a Saúde Única em Periferias.

Violence is a social and health problem that affects physically and mentally several species, among them, the canine and the feline. Adolescents may suffer as perpetrators, witnesses or direct victims of violence, which compromises their psychosocial development. The aim of this study was to analyze, through the Theory of Planned Behavior (TPB), the determinants of violence against dogs and cats practiced and witnessed by adolescents in the city of São Paulo. The methodology involved the definition of the target behavior, the elicitation of beliefs to define the content of the questionnaire, the development and application of the questionnaire and the descriptive data analysis and through structural equation modeling. The questionnaire was applied in person in six schools in the city of São Paulo, with convenience sampling, in a total of 918 students of elementary school II and high school. For most adolescents, violence against a dog or cat does not bring positive consequences, is frowned upon and little practiced by its social referents, can be avoided by self-control, is not something they have done in the past and is related to interpersonal violence. The minority counterpart, having positioned itself oppositely, suggests that attitudes, subjective norms and perceived control are strategic categories to guide the implementation of preventive measures. Perceived control and having witnessed interpersonal violence in the family were statistically significant predictors of intent to mistreat and history of having mistreated dogs and cats. The significance of these constructs and the lack of significance of the others should be interpreted in light of the limitations of the questionnaire used. Aggressive behaviors aren’t the only ones that rape dogs and cats. There is an ecology of violence that, in addition to affecting these and other species, generates suffering by structural, symbolic and epistemic means that marginalize and make the interests of the victims peripheral. The research and prevention of violent behaviors against dogs and cats should be articulated with other efforts aimed at the disruption of this ecology, in order to promote the One Health in Peripheries.