A atrazina é um dos herbicidas mais utilizados no Brasil e no mundo. Este praguicida e seus metabólitos são encontrados em águas superficiais e subterrâneas nas localidades em que seu uso é mais frequente. No organismo animal, a atrazina causa diversos efeitos tóxicos, que incluem alterações neuroendócrinas, comportamentais e no desenvolvimento de estrutura sexuais em machos, em fêmeas e na prole exposta. Porém, existe uma escassez de estudos em relação aos efeitos no indivíduo adulto que foi exposto na puberdade a atrazina. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos da exposição à atrazina durante a puberdade e estudar na idade adulta o comportamento sexual de ratos machos e fêmeas, bem como analisar os efeitos nos níveis de monoaminas e seus metabólitos cerebrais. Para isso, os animais foram expostos à diferentes doses de atrazina (10, 30 ou 100 mg/kg) por via oral do dia pós-natal 22 ao 41 (período equivalente a adolescência) e foram avaliados o consumo de água e ração e o ganho de peso durante o tratamento e na idade adulta: o peso corporal e relativo de órgãos sexuais, rins, adrenais e fígado, o índice gonadossomático e os níveis de monoaminas cerebrais e seus metabólitos no córtex pré-frontal, hipotálamo, no hipocampo e no corpo estriado em ambos os gêneros; em machos, a coordenação motora pelo teste da marcha, a motivação sexual, ereção peniana e o comportamento sexual; e em fêmeas, o comportamento sexual em estro fisiológico e farmacológico e a avaliação do ciclo estral. Os resultados mostraram comprometimento do comportamento sexual de machos evidenciados pelo aumento na latência para a primeira ereção peniana e diminuição no número de intromissões após a ejaculação; aumento do peso corporal em machos e fêmeas e do peso relativo dos rins em machos e do fígado em fêmeas; alterações nos sistemas dopaminérgico, noradrenérgico e serotoninérgico em todas as estruturas analisadas e em ambos os sexos. Esses dados em conjunto sugerem que a atrazina tem efeitos deletérios e duradouros sobre os sistemas monoaminérgicos cerebrais em ambos os sexos; em machos esses efeitos foram acompanhados por alterações no início e manutenção do comportamento sexual. A atrazina também mostrou causar comprometimentos metabólicos em ambos os sexos, evidenciados por influência direta sobre o peso corporal e peso relativo dos rins e fígado.

Atrazine is one of the most used herbicides in Brazil and in the world. This pesticide and its metabolites are found in surface and underground water in places where its use is more frequent. In the animal organism, atrazine causes several toxic effects, which include neuroendocrine, behavioral and sexual structure development alterations in males, females and exposed offspring. However, there is a paucity of studies regarding the effects in adults who were exposed to atrazine during puberty. Thus, the aim of the present work was to evaluate the effects of exposure to atrazine during puberty and to study the sexual behavior of male and female rats in adulthood, as well as to analyze the effects on the levels of monoamines and their brain metabolites. For this, the animals were exposed to different doses of atrazine (10, 30 or 100 mg/kg) orally from postnatal day 22 to 41 (period equivalent to adolescence) and the consumption of water and feed and the weight gain during treatment and in adulthood: body and relative weight of sex organs, kidneys, adrenals and liver, gonadosomatic index and levels of cerebral monoamines and their metabolites in the prefrontal cortex, hypothalamus, hippocampus and in the striatum in both genders; in males, motor coordination by gait test, sexual motivation, penile erection and sexual behavior; and in females, sexual behavior in physiological and pharmacological estrus and evaluation of the estrous cycle. The results showed impairment of sexual behavior in males evidenced by the increase in latency for the first penile erection and decrease in the number of intromissions after ejaculation; an increase in body weight in males and females and in the relative weight of kidneys in males and of liver in females; alterations in the dopaminergic, noradrenergic and serotoninergic systems in all analyzed structures and in both sexes. These data together suggest that atrazine has deleterious and long-lasting effects on the cerebral monoaminergic systems in both sexes; in males these effects were accompanied by changes in initiation and maintenance of sexual behavior. Atrazine has also been shown to cause metabolic impairments in both sexes, evidenced by a direct influence on body weight and relative weight of the kidneys and liver.