O Gambá-de-Orelha-Branca (Didelphis albiventris) é um marsupial que ocupa uma ampla variedade de habitats, desde florestas até áreas urbanas, em diversos biomas brasileiros e apresenta um importante papel na disseminação de sementes. O objetivo desta pesquisa é estudar a morfologia lingual desta espécie. As línguas foram coletadas de animais encontrados mortos em estradas no estado do Rio Grande do Sul ou ainda de cadáveres de animais oriundos do Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre (NURFS/ UFPel). As amostras foram submetidas para processamento para as técnicas de microscopias de luz (ML) e eletrônicas de varredura (MEV) e transmissão (MET). Através da ML observamos o epitélio estratificado pavimentoso e o brotamento das papilas em fetos, o desenvolvimento das papilas linguais em animais infantis e as características das papilas totalmente desenvolvidas em adultos. Pelas colorações de Azan e Picrosirius observamos que o colágeno está localizado principalmente sob o epitélio. Através da MEV a análise da camada epitelial revelou três tipos de papilas filiformes com diferentes morfologias de acordo com a região. As papilas fungiformes estão dispersas pelo ápice e corpo linguais, e parcialmente cobertas por uma elevação de mucosa. Papilas circunvaladas são em número de 3 e formam um triângulo na raiz lingual. Papilas foliadas são pequenas e delgadas elevações no bordo caudolateral da língua, em número varíavel de 13-18 projeções. Os tecidos subepiteliais das papilas fungiformes, circunvaladas e foliadas apresentam uma superfície irregular com algumas depressões dorsalmente. Através da MET o estrato córneo demonstrou, para adultos e fetos, o processo de renovação epitelial através da liberação das células mais superficiais; na camada granular observamos tonofilamentos e grânulos de querato-hialina; a camada espinhosa se mostrou similar em ambas as idades e esteve marcada pela grande quantidade de desmossomos intercelulares. As características até então observadas na língua de D. albiventris são semelhantes às observadas em outras espécies de marsupiais. Os procedimentos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA/FMVZ/USP).

The White-eared Opossum (Didelphis albiventris) is a marsupial that occupies a wide variety of habitats, ranging from forests to urban areas, in several Brazilian biomes and plays an important role in the dissemination of seeds. The objective of this research is to study the lingual morphology of this species. The tongues were collected from animals found dead on roads in the state of Rio Grande do Sul or by cadaver donation from the Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre (NURFS / UFPel). The samples were submitted to light and scanning (SEM) and transmission (TEM) electron microscopy techniques. Through light microscopy we observed the epithelium stratified squamous and the budding of the papillae in fetuses, the development of the lingual papillae in infants and the characteristics of the fully developed papillae in adults. By the staining of Azan and Picrosirius we observed that the collagen is located mainly under the epithelium. Through the SEM the analysis of the epithelial layer revealed three filiform papillae with different morphologies according to the region. The fungiform papillae are scattered at the apex and body lingual, and partially covered by an elevation of mucosa. Circumvallate papillae are 3 in number and form a triangle at the lingual root. Foliate papillae are small and slender elevations in the caudolateral border of the tongue, in varying numbers of 13-18 projections. The subepithelial tissues of fungiform, circumvallate and foliate papillae have an irregular surface with some dorsal depressions. Through MET, the stratum corneum demonstrated, for adults and fetuses, the process of epithelial renewal through the release of the most superficial cells; in the granular layer we observed tonofilaments and granules of kerato-hyaline; The spinous layer was similar in both ages and was marked by the great amount of intercellular desmosomes. The characteristics previously observed in the tongues of D. albiventris are similar to those observed in other species of marsupials. The experimental procedures were approved by the Committee on Ethics in the Use of Animals (CEUA / FMVZ / USP).