O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da receptora Holandesa em lactação (Bos Taurus - 33,0 litros/vaca/dia) ou receptora mestiça de corte não lactantes (com predominância para as raças zebuínas - Bos indicus) sobre a performance produtiva e desempenho reprodutivo de progênies holandesas geradas após a transferência de embrião produzido por fertilização in vitro (TE-in vitro). O estudo foi realizado na Fazenda Santa Rita - Agrindus S.A. em Descalvado, São Paulo, Brasil. As receptoras Holandesas em lactação foram mantidas em galpões com canteiros de areia, modelo free stall, com ventilação adequada e aspersores na linha de cocho. As vacas mestiças de corte foram mantidas a pasto com suplementação proteica e água ad libitum. Foram avaliadas as seguintes variáveis nas receptoras de corte e de leite (n=9.829) entre 2013 e 2018: taxa de gestação aos 60 dias (TG 60), taxa de aborto e natimorto (TA), taxa de nascimento (TN) e a duração da gestação das receptoras (DUGr). Avaliou-se também o desempenho da progênie filhas das receptoras de leite (n=490) e das filhas das receptoras do corte (n=475), analisando as seguintes variáveis: índice genômico para produção de leite (IG; Clarifide Holandês® ), peso ao nascimento (PN) e peso ao desmame (PD). Avaliou- se também os dados reprodutivos da primeira gestação, como a idade à concepção (IP-CON), duração da gestação (DUG), taxa de aborto e natimorto (AB), taxa de auxílio no parto (AUX- PAR) e idade no parto (IP-PAR). Foram também analisados os dados produtivos da primeira lactação, como a produção de leite ajustada em 305 dias (PL305), pico de produção de leite (PICO-LACT) e a duração da lactação (DUR-LAC). Todas as análises foram realizadas utilizando o software Statistical Analysis System (SAS, Version 9.4 for Windows; SAS Inst., Cary, NC), considerando valor estatístico P<0,05. Houve efeito estatístico da receptora apenas para a variável TN [leite: 67,5% (661/966); corte: 83,1% (1664/2003); P=<0.0001], a qual foi maior para as receptoras do corte. Houve interação receptora∗ano para PN [leite: 35,8±0,16kg (n=426); corte: 34,4±0,09kg (n=406); P=0,0199]. Houve efeito de ano nas variáveis IP-CON (P=<0.0001), AB (P=0,0002), AUX-PAR (P=0,0008), PL305 (P=0,0224) e PICO-LACT (P=0,0048). Já para as variáveis IG, PD, DUG, IP-PAR e DUR-LACT não houve interação receptora∗ano, assim como não houve efeito significativo para receptora e para ano. A TG 60 e a TA foram semelhantes entre as receptoras de corte e de leite. Entretanto, a TN e a DUGr foram menores em receptoras de corte. Para as progênies, não foram observados efeitos no desempenho reprodutivo e produtivo de filhas de receptoras de corte quando comparado com receptoras de leite. Tais resultados são indicativos de que não foi possível identificar efeitos das diferentes raças de receptoras utilizadas nas performances das progênies. Os dados do presente estudo suportam a utilização das receptoras de leite ou de corte para a reprodução e produção dos rebanhos, sem evidenciar possíveis efeitos epigenéticos negativos na prole. Entretanto, mais estudos são necessários para esclarecer os efeitos da raça e do manejo das receptoras de embrião sobre as potenciais consequências de longo prazo no desempenho da progênie.

The aim of this study was to evaluate the effect of lactating Holstein recipient (Bos taurus - 33.0 liters/cow/day) or non-lactating crossbred beef recipient (with a predominance of Zebu breeds - Bos indicus) on productive performance and performance breeding of Dutch progenies generated after embryo transfer produced by in vitro fertilization (TE-in vitro). The study was carried out at Fazenda Santa Rita - Agrindus S.A. in Descalvado, São Paulo, Brazil. The lactating Dutch recipients were kept in sheds with sand beds, free stall model, with adequate ventilation and sprinklers in the trough line. Crossbred beef cows were kept on pasture with protein supplementation and water ad libitum. The following variables were evaluated in meat and milk recipients (n=9,829) between 2013 and 2018: pregnancy rate at 60 days (TG 60), abortion and stillbirth rate (TA), birth rate (TN) and the duration of pregnancy of recipients (DUGr). The performance of the progeny daughters of milk recipients (n=490) and of the daughters of cut recipients (n=475) was also evaluated, analyzing the following variables: genomic index for milk production (GI; Clarifide Holstein®), birth weight (PN) and weaning weight (PD). Reproductive data from the first pregnancy were also evaluated, such as age at conception (IP-CON), duration of pregnancy (DUG), abortion and stillbirth rate (AB), birth assistance rate (AUX-PAR) and age in childbirth (IP-PAR). Productive data from the first lactation were also analyzed, such as milk production adjusted to 305 days (PL305), peak milk production (PICO-LACT) and duration of lactation (DUR-LAC). All analyzes were performed using the Statistical Analysis System software (SAS, Version 9.4 for Windows; SAS Inst., Cary, NC), considering a statistical value of P<0.05. There was a statistical effect of the recipient only for the TN variable [milk: 67.5% (661/966); cut: 83.1% (1664/2003); P= <0.0001], which was higher for cut recipients. There was a receptor∗ year interaction for PN [milk: 35.8± 0.16kg (n=426); cut: 34.4±0.09kg (n=406); P=0.0199]. There was an effect of year on the variables IP- CON (P= <0.0001), AB (P=0.0002), AUX-PAR (P=0.0008), PL305 (P=0.0224) and PICO- LACT (P=0.0048). As for the variables IG, PD, DUG, IP-PAR and DUR-LACT there was no receptor∗year interaction, as well as there was no significant effect for recipient and year. TG 60 and TA were similar between beef and milk recipients. However, TN and DUGr were lower in cut recipients. For the progenies, no effects were observed on the reproductive and productive performance of meat recipient daughters when compared to milk recipients. These results indicate that it was not possible to identify the effects of the different breeds of recipients used in the performance of the progenies. The data from the present study support the use of milk or meat recipients for the reproduction and production of herds, without showing possible negative epigenetic effects on the offspring. However, further studies are needed to clarify the effects of breed and management of embryo recipients on potential long-term consequences on offspring performance.