Durante o ano de 1951 o Conselho Nacional de Pesquisa interessou-se pelo estudo pormenorizado dos depósitos radioativos da faixa costeira brasileira bem como dos pegmatitos de São João Del Rei. Nesta última região foi selecionada uma área de 7.000 km2 que seria levantada sob contrato pela Prospec. Prospecções. Levantamentos e Aerofotogrametria S.A. Auxiliada tecnicamente pela Photografic Survey Corp. Ltd., de Toronto, Canadá, aquela companhia efetuou o levantamento aerofotogramétrico e, a partir deste a planimetria e levantamentos geológicos e geofísicos gerias, executando em seguida mapas radiométricos de anomalias, mapa geológico geral e estrutural com base em magnetometria. A grande abundância de dados coletados permitiu a elaboração de um relatório circunstanciado das ocorrências radioativas. Surgiu assim o magnífico trabalho de Heins Ebert, Franklin de Andrade Gomes, Reinhard Helmbold, Octávio Barbosa, Sílvio Vilar Guedes e Anita Evans: "Levantamento geológico-geofísico da Região de São João Del Rei" que, fazemos votos, possa ainda ver a ser publicado. Apontam-se aí áreas que se mostraram particularmente interessantes pelo alto grau de radioatividade demonstrado tanto em radiocintilometria aérea como terrestre. Achava-se entre estas a área compreendida pela sera do Matola ao sul de São João Del Rei, inteiramente independente estrutural e geologicamente da área de pegmatitos mais ao norte. Tratava-se agora de saber o real significado das anomalias na referida área, a natureza exata do mineral responsável, direções estruturais preferencias de mineralização, teor de U e, ou Th no solo e na rocha viva, cubagem de solo, confecção de um mapa geológico e estrutural e obtenção de maior volume de informações geológicas petrográficas e mineralógicas da região. Neste sentido os diretores da Companhia Prospec se dirigiram ao Professor Rui Ribeiro Franco, catedrático de Petrologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, solicitando o auxílio de pessoal especializado para a solução daqueles problemas. Houve por bem o professor Rui Franco designar o autor para chefiar uma equipe mista que estacionada na vila de Ibertioga, a leste da sela do Matola, se ocupou durante todo o mês de julho de 1960, de trabalhos de perfuração, amostragem e levantamento geológico e estrutural de detalhe. Fizeram parte desta equipe os srs.: Nabor Ricaro Rüegg, professor assistente na FFCL da USP, Milton Brand Batista, então aluno do quarto ano no Curso de Geologia da Escola de Minas de Ouro Preto, e Axel de Ferran, então aluno do 5o. ano na Escola Politécnica de São Paulo. Em agosto daquele ano estes senhores foram substituídos por uma equipe liderada pelo sr. Yedo Mendonça, da Prospec. Enquanto aqueles auxiliares comandavam grupos encarregados da perfuração a trado e amostragem de testemunhos de solo, o autor algumas vezes acompanhado por De Ferran e Rüegg efetuava o estudo de campo e amostragem de rochas frescas em afloramentos. O segundo semestre de 1960 e os três primeiros meses de 1961, foram ocupados durante as horas disponíveis, com determinações a análise de laboratório, confecção de mapas e tabelas, pesquisa bibliográfica e relatório final que foi entregue à Companhia Prospec - em Abril de 1961. Os dados obtidos na perfilagem radiométrica resultaram em geral decepcionantes, desaconselhando um aproveitamento econômico imediato. Entretanto, surgiu aos olhos do autor um interessante quadro geológico com alguns aspectos petrográficos raros e curiosos e que poderiam constituir talvez, a base de um trabalho de interesse acadêmico real. Com a devida permissão do grupo interessado, pode o autor reconstituir o relatório de 1961, dando-lhe um cunho científico e adicionando-lhe dados de novas pesquisas abrangendo a mineralogia, petrografia e geologia do corpo. Esta última em sua parte de microtectônica constitui mesmo uma experiência nova para o autor no Brasil. É este em resumo, o histórico do trabalho que ora se apresenta como tese de livre docência à cadeira de Petrologia desta Faculdade.

Not available