O ensino da Física Moderna e Contemporânea (FMC) vem sendo palco para uma ampla discussão nas últimas décadas. No entanto, a realidade escolar ainda se encontra profundamente afastada de uma prática sistematizada do ensino de tópicos relativos a este período de construção do conhecimento científico. Ao contrário dos argumentos apresentados nos documentos educacionais e nas pesquisas acadêmico-científicas, o que ainda se enxerga é uma prática dominada por tópicos associados à física clássica e enviesada por uma visão de ciência profundamente comprometida com o caráter empírico-indutivista de apreensão da realidade. Neste contexto, esta pesquisa buscou promover uma reflexão sobre a dimensão epistemológica do problema de renovação curricular. Para isto, baseou-se em referenciais das denominadas teorias de currículos, compreendendo a constituição dos saberes escolares segundo as reflexões do sociólogo da educação francês Jean-Claude Forquin, e no trabalho epistemológico do filósofo da ciência francês Gaston Bachelard, acerca da novidade essencial do pensamento científico contemporâneo. Coloca-se como hipótese central que a concepção positivista de ciência, dominante na educação científica, vem exercendo enorme influência sobre a forma como discussões e propostas sobre o ensino da FMC tem sido conduzidas - ocasionando um afastamento cada vez maior entre os estudantes e as formas próprias de pensar deste período de extrema importância para a ciência. Para materialização destas reflexões, foram analisadas diversas propostas para o ensino e divulgação da Física de Partículas Elementares no nível médio, apontando que grande parcela delas vem se concentrando em disseminar uma visão reduzida à enunciação da composição da matéria por quarks e da classificação e organização das espécies de partículas. Apontamos para a necessidade de encontrar alternativas para o ensino de física de partículas, tomando seu desenvolvimento histórico como parâmetro de análise.

The teaching of Contemporary and Modern Physics (CMP) have been the stage for a wide discussion in the past few decades. However, the actual school is far away from a systematized practices on teaching topics related to this period of scientific development of knowledge. Contraty to the arguments presented in the educational documents and academic researches, what we've been seen is a practice dominated by topics of classical physics e skewed by a deeply committed view of Science with an empirical-inductive character of apprehension of reality. In this context, this research sought to promote a reflection on the epistemological dimension of the curriculum renewal problem. For this, it was based on references of the curriculum theories, understading the constitution of scholarly knowledge, according to the work of the French sociologist Jean-Claude Forquin, and on the epistemological work of the French philosopher of Science Gaston Bachelard, on the essential novelty of the contemporary scientific thought. The central hypothesis is that the positivist conception of Science, dominant in the scientific education, has been exerting a strong influence in discussions and proposals about on teaching of the CMP - leading to a great distance between the students and the own ways of thinking of this period of for science. In order to materialize these reflections, several proposals for the teaching and dissemination of Elementary Particle Physics in the middle level were analyzed, pointing out that a large number of them have been concentrating on disseminate a view of particle physics reduced as a composition of matter by quarks and the classification and organization of particles species. We're pointing to a necessite of finding alternative looks for particle physics teaching, taking its historical development as a parameter of analysis.