A presente dissertação consiste em uma tentativa de apreender a figuração da elite a partir do ponto de vista que organiza o romance Azul e dura, de Beatriz Bracher. Procuramos determinar a especificidade do olhar da narradora-protagonista em sua relação com o contexto histórico e social contemporâneo com o intuito de definir de que maneira esse olhar capta aspectos significativos da experiência histórica atual. A hipótese que orienta a análise é a de que o romance escrito a partir do ponto de vista de um representante da mais alta elite, e calcado em seu percurso de sofrimento psíquico-social, produz o efeito de cooptação do leitor. Tentamos investigar os limites da formalização que, ao não alcançar o distanciamento, convida o leitor a se colar ao ponto de vista da narradora marcado pelo sentimento de impotência social e pela acomodação ao estado de coisas vigente.

The dissertation that follows aims at analyzing the figuration of the elite from the point of view that organizes the novel Azul e dura, by Beatriz Bracher. We seek to determine the specificity of the perspective of the narrator, who is the protagonist of the narrative, in its relation to the social and economical contemporary context, in order to demonstrate how the point of view of the narrative grasps relevant aspects of the current historical experience. Our hypothesis is that the novel written from the perspective of a representative of our highest elite, and centered in her trajectory of social and psychic suffering, produces the effect of co-optation of the reader. We tried to investigate the limits of the formalization that, without achieving distancing effect, invites the reader to partake the narrators viewpoint characterized by the feeling of social impotence and conformism to the current state of things.