A presente tese analisa a formação de uma questão racial na França contemporânea. A hipótese do trabalho é que o tema tornou-se um problema social, adotando a definição de Lenoir, após os protestos urbanos violentos de jovens em 2005. A partir do estudo da cobertura da imprensa norte-americana e britânica, observou-se que a visibilidade internacional das revoltas, assim como uma leitura dos analistas estrangeiros dos eventos em uma chave racial, impulsionou a emergência da questão no debate público francês. Por outro lado, no trabalho foram também analisados outros fatores internos e externos que levaram à criação na academia francesa de um campo de estudos das relações raciais e à formação de ações coletivas fundamentadas em uma valorização positiva das identidades raciais. Finalmente, a análise do debate midiático, acadêmico, das mobilizações sociais e da controvérsia sobre as estatísticas étnicas confirmou o reconhecimento da existência de uma questão racial na França, porém, deixando margens de dúvidas acerca de sua consolidação.

This dissertation analyzes the configuration of a racial question in contemporary France, intended as a social problem in accordance with Lenoirs definition. The research stresses the role of violent urban protests in 2005 as a turning point. The investigation of American and British press coverage of the events reveals that the international visibility of the riots and the explanation of those events in terms of race protests spurred the emergence of a racial question in the French public debate. The research also shows the influence of other internal and external factors that led to two developments. First, the creation of an academic area on race relations studies in France. Second, the formation of collective actions and social movements based on racial identities. Finally, the discussion on French ethnic statistics suggests the recognition of a racial question in France, even if its consolidation is still not confirmed.