Este estudo, de abordagem qualitativa, teve como referencial metodológico as representações sociais e a dialética marxista. Nossa trajetória consistiu em buscar reconhecer o trabalho dos agentes da equipe de saúde que tomam a laqueadura tubária como objeto de intervenção. Partimos do trabalho da equipe envolvida com a cirurgia esterilizadora, no seu contexto de exercício cotidiano e constatamos como os agentes o operacionalizam e quais são as representações sobre o mesmo. Os dados empíricos foram obtidos através de entrevistas e observações de algumas atividades dos agentes da equipe. Foram entrevistados os nove agentes da equipe de saúde: assistente social, agente de saúde, enfermeiros, médicos e psicólogos. Os discursos foram submetidos à análise, seguindo a orientação da técnica proposta por FIORIN e adaptada por CAR. Tomamos como categorias centrais para análise os conceitos do processo de trabalho em saúde. Constatamos que, de modo geral, a equipe se caracteriza como hierarquizada. Destacamos que, no particular aspecto da tomada de decisão acerca da cirurgia esterilizadora, ocorre uma tendência à horizontalidade da equipe, dada a importância da dimensão ética da esterilizaçao feminina, que tende a deslocar o saber do campo do conhecimento científico biomédico para o campo das ciências sociais e humanas. Entretanto, essa horizontalidade é apenas aparente, uma vez que os critérios técnicos são soberanos diante do saber prático da vida das pessoas, por ocasião das tomadas de decisões. Embora exista uma tendência para o trabalho multiprofissional, há uma espécie de recusa estratégica para a interdisciplinaridade e uma acomodação vantajosa no critério biomédico.

This work, qualitative in approach, used social representations and Marxist dialectic as its methodological frames of reference. Our orientation consisted of seeking to understand the work of members of a public health team who take tubal ligation as an objective of intervention. We began with the work of the team involved with surgical sterilization, viewed in the context of carrying out their work on a routine basis; we noted how the agents carry it out and what are their representations about it. The empirical data were obtained by way of interviews and observations of some of the activities of the members of the team. The nine members of the public health team were interviewed: the public welfare worker, the public health agent, nurses, doctors and psychologists. Their discourses were subjected to analysis following the technical orientation proposed by FIORIN and adapted by CAR. We took as the principal categories for analysis the concepts of the process of working in the medical sector. We observed that generally the team was characterized as hierarchical. We noted that, as to the particular aspect of deciding about surgical sterilization, the team tended to become more horizontal, given the importance of the ethical dimension of the female sterilization, which sterilization tends to shift the focus from that of scientific and biomedical knowledge to that of the social sciences and the humanities. This horizontal form is only apparent, since the technical criteria are overriding in the light of the practical knowledge of life of the persons at the time of decision-making. Although a tendency for multiprofessional work exists, there was a type of strategic refusal as to interdisciplinary action and a convenient reliance on biomedical criteria.