O presente trabalho tem como objetivo compreender como se desenvolvem, nas relações de ensino, modos de (não) participação entre/de estudantes com ou sem deficiência e professores, que podem ser entendidas como ações de (não) pertencimento às práticas educativas. Problematiza-se, com um grupo de professores e estudantes, como eles entendem essas práticas e como se relacionam com as chamadas Políticas Públicas de Educação e como a observação ativa em sala de aula explicita (ou não) essas percepções acerca das práticas educativas e colaborativas. Para compreender o objeto de estudo, foram entrevistados professores(as) e estudantes do Ensino Fundamental e Médio e realizadas observações em sala de aula. Os dados foram organizados em categorias que envolvem as temáticas da pesquisa e analisados como unidades discursivas em dois momentos (na entrevista e na observação in loco). Os temas do fracasso e da evasão escolar, pontos de partida da pesquisa, foram estudados por meio de referenciais teóricos da educação, da sociologia e da psicologia, principalmente socialistas. A metodologia qualitativa com abordagem de inspiração etnográfica deu base para uma análise dos dados que foram triangulados a partir dos discursos dos(as) professores(as) - aluno(as) - e observação de sala de aula. Os resultados mostraram que os professores relacionam as práticas pedagógicas com as Políticas Públicas de Educação por meio de ações pontuais; o conceito de Política Pública foi descrito como obrigatoriedade da presença em sala que era percebida como condição dos programas de assistência, como o Bolsa Família, ou pela imposição de um currículo prescrito por avaliações externas. Identificou-se que os estudantes percebem minucias que direcionam para o cumprimento de um currículo e nem sempre "sobra espaço" para que eles participem, cada um a seu tempo e nas suas condições, de práticas educacionais formativas de uma cidadania participativa, solidária e colaborativa. Como consequência, os estudantes delegam a resolução dos problemas diários aos adultos que detém o poder e o conhecimento, de todo modo, eles gostariam que pudesse ser diferente. As observações em sala de aula indiciaram que, de fato, a hierarquia, a detenção do conhecimento e a organização dos espaços e tempos da aula, são de responsabilidade da figura do(a) professor(a). Problematiza-se assim, pontos importantes das Políticas educacionais que apregoam a participação colaborativa, a gestão compartilhada, o direito ao acesso e a permanência na escola tanto quanto a aprendizagem de qualidade a todos(as). Conclui-se que as relações (de ensino) podem repetir ações, práticas e discursos que alimentam e colocam em movimento os elementos essenciais de uma superestrutura social; como esses elementos se (re) produzem nas relações cristalizando fenômenos históricos e; como as relações podem ser consideradas formas educativas em que os sujeitos se reconhecem na universalidade do gênero humano constituindo um coletivo para que todos e todas possam ser inseridos de fato na sociedade.

The here presented paper has as a goal to comprehend how, in the teaching relations, the ways of (non) participation among students with ou without disabilities and teachers develop, and can be understood as actions of (not) belonging to educational practices. It was, then, problematized with a group of teachers and students, how they understand these practices, how they relate to the Educational Public Policies, and how the active observation inside classrooms makes these perceptions surrounding the educational and collaborative practices explicit (or not). To comprehend the study object, teachers and students from high and elementary school were interviewed, observations were also made in the classrooms. The data was organized in categories envolving research themes and analysed as discursive units within two moments (in the interviews and in loco observation). The subjects of school failure and evasion, starting points from the research, were studied through theoretical references of education, sociology and psychology, mostly socialists. The qualitative methodology with an ethnographic inspired approach based a data analysis which was triangulated from the speeches of teachers - students - and in class observation. The results showed that the teachers relate pedagogical practices with the Educational Public Policies through specific actions; the concept of Public Policy was described as mandatory presence in classes which was perceived as a condition of the assistance programs, such as Bolsa Família, or through the imposition of a curriculum prescribed by external evaluations. It was possible to identify that the students realize details that direction to the following of the curriculum, and not always there is "space left" for them to participate, considering their own time and conditions, in educational practices that construct a collaborative and supportive citizenship. As a consequence, the students depute the solving of daily problems to adults, who have power and knowlegde, nevertheless, they would like it to be different. The observations indicated that, for a fact, hierarchy, holding of knowlegde and organization of spaces and class times are responsability of the teacher figure. We problematize, then, important aspects of the educational policies which proclaim the collaborative participation, shared managment, the right to have access and stay at school such as quality of learning for all. It is concluded that the relations (of teaching) can repeat actions, practices and speeches which feed and put into movement the essencial elements of a social superstructute; how these elements (re)produce themselves into relations, cristalizing historical phenomenons; how these relations can be considered educational ways in which the subjects recognize themselves in the universality of the human gender constituting a collective so all can be really put in society.