Este trabalho investigou as identificações que os adolescentes estabelecem com as imagens que consomem cotidianamente, sejam elas originadas dos meios de comunicação em massa ou dos livros didáticos. Considerou-se a hipótese de que essas identificações muitas vezes não se dão de forma consciente, devido à profusão e à padronização das imagens da cultura visual contemporânea e à especifidade dos textos imagéticos. Além disso, a linguagem visual é presentacional, isto é, revela-se ao leitor dentro de um campo onde não existe um início ou um fim, apresentando-se integral e instantaneamente ao espectador e diferenciando-se, desta forma, dos textos verbais. Para tanto, foram utilizados dois tipos de pesquisa complementares: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Em relação à pesquisa bibliográfica, foram consultados autores que discutiram como as particularidades da modernidade e da contemporaneidade implicaram na aquisição de identidades e identificações pelos sujeitos, na produção e veiculação de imagens em geral e, ainda, nas concepções sobre a adolescência. Paralelamente, por meio de uma pesquisa participativa com 71 estudantes do 1º ano do Ensino Médio de uma escola técnica estadual da zona norte de São Paulo, cujas idades variavam entre 14 e 16 anos, investigou-se como os adolescentes estabeleceram identificações com as imagens de sua cultura visual e como um trabalho contínuo de leitura de imagens num ambiente escolar pode levar os estudantes a desenvolver autonomia no consumo dos textos imagéticos e no reconhecimento de suas identificações com os mesmos. O tipo de pesquisa de campo utilizado foi a pesquisa-ação participativa, onde os participantes, pesquisadora e pesquisados, eram respectivamente, professora e seus alunos. Os instrumentos usados para a coleta de dados foram questionários, entrevistas, análise das imagens coletadas pelos estudantes, leituras de imagens em grupo, discussões sobre essas imagens e análise dos discursos dos adolescentes. Também foram entrevistados os professores das cinco disciplinas cujos livros didáticos tiveram imagens selecionadas pelos estudantes. Os resultados obtidos indicam que o trabalho específico com leitura de imagens pode propiciar maior compreensão e aprofundamento dos significados atribuídos às imagens selecionadas pelos adolescentes, provocando reflexões sobre os múltiplos processos de identificação que se estabelecem, bem como os diversos conceitos representados por essas imagens.

This study investigated the identifications that adolescents establish with the images they consume daily, whether it originates from the mass media or textbooks. It was considered the hypothesis that these identifications often are not conscious, because of the profusion of images and standardization of contemporary visual culture and specificity of imagistic texts: visual language is presentational, i.e., it is revealed to the reader in an area where there is no beginning or end, presenting full and instantly to the viewer and differing, this way, from verbal texts. For this, we used two complementary kinds of research: literature and field research. About the literature, we consulted authors who discussed how the particularities of modernity and contemporary involved in the acquisition of identities and identifications by subjects, in the production and placement of images in general and also in the conceptions of adolescence. At the same time, through a participatory research with 71 students from the 1st year of high school at a state technical school in the northern zone of São Paulo, whose ages ranged between 14 and 16 years old, it was investigated how teenagers established identifications with images of their visual culture, and as a continuous work to read images in a school environment can make students to develop autonomy in the consumption of imagistic texts and recognition of their identifications with these texts. The kind of field research used was a participatory action research where participants, researcher and researched, were respectively a teacher and her students. The instruments used for data collection were questionnaires, interviews, analysis of images selected by students, in group readings of images, discussions of these images and analysis of teenagers talking. Teachers of the five disciplines whose textbooks had images selected for students were also interviewed. The results indicate that the specific work of reading images enables a greater understanding and deepening about the meanings of images selected for teenagers, causing reflections on the established process of identification and on the concepts that the images represent.