Esta pesquisa teve como objetivo analisar os argumentos de professores de classes comuns para o encaminhamento de alunos para salas de recursos, de modo a compreender os motivos e expectativas que o embasam. Partiu-se do estudo sobre a origem das salas de recursos, por um viés histórico-legal, e do delineamento do conceito de atendimento educacional especializado tal como é compreendido no paradigma da inclusão, como referências teóricas para o trabalho. Optou-se, no desenvolvimento da pesquisa, por uma abordagem qualitativa, adotando como método o estudo de caso e elegendo como fontes de levantamento de dados entrevistas semi-dirigidas com professores de classes comuns, relatórios de encaminhamento para sala de recursos, Projeto Pedagógico Educacional da escola em que se realizou a pesquisa, registros de intervenções realizados pela pesquisadora na escola e documentos oficiais da rede municipal de São Bernardo do Campo relativos à inclusão. Por meio da análise dos dados levantados, verificou-se que os motivos que justificam o encaminhamento, tal como estão registrados nos relatórios de encaminhamento, fazem referência apenas às defasagens de aprendizagem dos alunos, principalmente nas áreas de alfabetização e matemática. Nesses relatórios, as expectativas em relação às salas de recursos referem-se à efetivação de um trabalho individualizado com os alunos, que enfoque suas dificuldades. Por meio das entrevistas pudemos verificar que outros aspectos influenciam para que o encaminhamento seja realizado: condições precárias de trabalho, formação continuada insuficiente, carência de espaços coletivos de discussão na escola, são alguns dos elementos trazidos. Observou-se ainda um cenário de desqualificação do papel do professor no processo de avaliação, caracterizado principalmente pela inexistência de participação dos professores nas decisões relativas à política de inclusão adotada na rede, pela redução de seu trabalho a mero executor de uma política educacional cujos contornos não são claros, pela interferência constante de outros profissionais no trabalho docente. Os motivos que justificam o encaminhamento e as expectativas com que são feitos relacionam-se à possibilidade de alteração da condição dos alunos com defasagens de aprendizagem, possibilidades vistas como muito limitadas no contexto da classe comum. Nesse sentido, intensifica-se a preocupação de que as salas de recursos sejam depositárias da responsabilidade pela alteração da condição de aprendizagem dos alunos, sem que ocorram transformações no trabalho das classes comuns.

This study aimed to examine the arguments of teachers of common classes for directing students to the resource room in order to understand the reasons and expectations that underlie. The study on the origin of the resource room was he starting point for a legalhistorical bias, and the design of the concept of specialized educational services is understood as the paradigm of inclusion, as theoretical references for the job. It was decided, the development of research, a qualitative approach, adopting the method as a case study and giving sources for data collection semi-structured interviews with teachers in ordinary classes, reports, referral to resource rooms, Education Program Educational the school in which they conducted the survey, records of interventions made by the researcher in the school and official documents of the Municipality of São Bernardo do Campo on the inclusion. It was found that the grounds for referral through analysis of collected data, as they are recorded in reports transit, only refer to the lags of learning in the areas of literacy and mathematic the expectations of the rooms features relate to the realization of an individualized work with students who focus their difficulties on these reports. We found others aspects that influence the referral after the interviews: poor working conditions, insufficient continuing education, common spaces deficiency in schools that allow discussion about the students working. There was also a marginalization of the teacher´s role on evaluation process, characterized mainly by the lack of teachers' participation in decisions concerning the inclusion policy adopted in the network, by reducing their work to a mere executor of an educational policy which outlines are not clear, by the constant interference of other professionals in teaching. The possibility of changing the condition of students with learning gaps determine the reasons for the referral and the expectations that are related to the opportunities seen as very limited in the context of regular class. The concern about the resource room rather than serve a function to complement the work of common classes, occurring without changes in the work of common classes.