A partir de observações realizadas em instituição de ensino privado, este trabalho elabora descrições interpretativas a respeito do uso de novas tecnologias em contexto escolar sob a perspectiva das relações de poder. Para isto, o estudo sobre instituições disciplinares, realizado por Foucault, inspira a abordagem sobre o jogo de forças e a análise sobre os corpos afetando-se uns aos outros segundo as regras da microfísica descrita pelo autor. Confinar, distribuir e controlar são características comuns a todas instituições de ensino que unificam a multiplicidade de alunos em um único corpo e orientam-no a cumprir uma finalidade determinada. Forças são aplicadas para manter os alunos em conformidade com as rotinas disciplinares e, os conflitos observados durante os estudos em campo, tanto no contexto geral da escola, quanto na matéria de filosofia, levaram à investigação genealógica que fundamentou a percepção de mudança sobre a finalidade do corpo discente. À medida que a escola coloca o seu foco no desempenho acadêmico, a tecnologia é utilizada como ferramenta para a ampliação da rotina disciplinar para além do período letivo, em que as atividades voltadas ao estudo podem ser realizadas em qualquer momento ou local, desde que utilizados dispositivos capazes de se conectar à internet. Durante as observações foi possível verificar que a iniciativa, que parte da escola, em criar uma rede de comunicação sobre as orientações de estudo não surte o efeito desejado e o uso do Facebook nas aulas de filosofia sofre uma descontinuidade. A análise conclui que ambos, proprietários da escola e professor de filosofia, partem de premissas pouco claras quanto ao uso da tecnologia na escola enquanto meio ou fim; devido a isto, conclui-se que ela desempenha um papel, no jogo de forças, que não leva em consideração a sua natureza incorpórea, portanto, incapaz de atuar nas relações de poder no contexto educacional.

Based on observations at a private school, this work elaborates interpretative descriptions regarding the use of new technologies in a school context from the perspective of power relations. For this, Foucaults study of disciplinary institutions inspired the approach about how social forces interact and the analysis of different bodies affecting each other according to the rules of a microphysics described by the author. To confine, distribute and control are some common characteristics shared among all educational institutions, which unifies the multiplicity of students into a single body and it is addressed to accomplish particular purposes. Forces are applied to keep pupils in accordance to disciplinary routines and the resulting conflicts, both in the general context of the school and in the subject of philosophy, observed during field studies, have led to a genealogical research that grounded the perception over the utility of pupils. Such forces led to the genealogical investigation that grounded the perception of change about the purpose of the student body. To the extent that the school focuses on pupils academic performance, technology is used as a tool to broaden disciplinary routines beyond the school term, in which study activities can be carried out anytime and anyplace, through Internet access. During observations the initiative led by the school, and that created a communication network about studies guideline, did not achieve the desired effect and the use of Facebook in philosophy classes suffered a discontinuity. The analysis concludes that both, school owners and philosophy teacher depart from unclear assumptions about the use of technology in school while means or ends. As a result, they assume that it plays a role in the struggling forces inside school that do not take into account its incorporated nature and for this reason, is incapable of acting in the power relations in the educational context.