Neste trabalho focamos atenção nos jovens de Marsilac, um distrito localizado no extremo sul da cidade de São Paulo, predominantemente rural e marcado pela presença de indicadores sociais associados à baixa renda e grau de instrução populacional, pouca oferta de serviços públicos e violência. Contando com uma amostra de 36 participantes de ambos os sexos e com idades entre 12 e 17 anos, propusemos a realização de grupos focais para coleta de dados e uma subsequente análise do material e seu conteúdo, a fim de subsidiar uma discussão ampla sobre vulnerabilidade no contexto de suas vidas, tendo como referenciais os pressupostos do sociólogo Robert Castel - que a entende como central no processo de mobilidade social, que vai da inserção à desfiliação, e tem como eixos a precariedade nas relações interpessoais e de trabalho/produtividade. Neste sentido, resultados demonstraram a presença de alguns fatores precários responsáveis pela criação de uma situação vulnerável nos dois eixos, principalmente criadas pela falta de acesso pleno aos espaços sociais e de formação profissional ou empregabilidade propriamente, agravadas neste sentido por vivências de discriminação. Como um segundo objetivo e apoiados em Moscovici, nos propusemos a identificar eventuais representações sociais sobre esta vulnerabilidade no discurso dos participantes, buscando compreender de que maneira particular esses jovens traduziam suas vivências e percepções em um contexto de precariedades. Além de aprofundar o olhar teórico sobre um fenômeno social (vulnerabilidade) ou uma categoria (jovens), procuramos afirmar o espaço e apresentar aspectos de uma população pouco acessada e conhecida no município

The study focuses on the young people in Marsilac, a primarily rural district in São Paulos extreme south which is marked by the presence of social indicators associated with low income and poor education levels, along with scarce presence of public service and high violence. With a sample of 36 individuals of both sexes and ages ranging from 12 to 17, focus groups were assembled for data collection and analysis in order to provide a wide discussion about vulnerability in the context of their lives, having as referential basis the assumptions of sociologist Robert Castel who understands it as being central in the process of social mobility, from inception to disaffiliation, and whose axis are poor interpersonal dealings and precarious work/productivity relations. The results unveil the presence of certain factors responsible for vulnerable situations in both axis, generated mainly by the lack of access to social areas and professional formation or actual job opportunities, which are worsened by previous episodes of discrimination. As a secondary goal, supported by Moscovici, the intention was to identify possible social representations of this vulnerability on the speech of the participants, in an attempt to understand in what specific way these youngsters would translate their experiences and perceptions of this context of deficiency. Besides trying to deepen the theoretical perception of a social phenomenon (vulnerability) or category (youth), the goal was to shed light on aspects of a population of the city that is both little accessed and little known