O início do século XXI no Brasil é marcado por um movimento expressivo da sociedade pela inclusão da pessoa com deficiência. A legislação em vigor no país passou a garantir direitos básicos como educação e trabalho, o que determinou o aumento da participação das pessoas com deficiência nos espaços sociais. Contudo, essas mudanças têm sido acompanhadas por um mal-estar social que tem polarizado a opinião pública e refletido a dificuldade existente na relação com o deficiente. Esta pesquisa nasceu de uma experiência na Associação Pestalozzi de Osasco, uma organização social, sem fins lucrativos, que atua na educação profissional de jovens e adultos com deficiência intelectual. A partir de uma práxis em que a teoria psicanalítica orienta a escuta e a prática, a autora propõe encaminhar uma reflexão crítica sobre as formas de relação que o sujeito estabelece com o diferente /o estranho, no caso, o deficiente intelectual. A intenção da autora é que esta discussão abra novos campos que possam contribuir com novas propostas para a inclusão da pessoa com deficiência intelectual e de possíveis formas de laço social mais adequadas a essa situação.

A considerable move of the society in order to promote the inclusion of people with deficiencies was under the spotlight in the beginning of the 21st century in Brazil. Basic rights such as education and work started to be guaranteed by law, which determined the increase in the number of people with deficiencies in social spaces. However, these changes have been accompanied by a social discomfort that has polarized the public opinion and reflected our difficulty to interact with handicapped people. This research is the result of an experiment carried out in Associação Pestalozzi de Osasco, a Brazilian non-profit social organization that offers professional-oriented education for young people and adults with intellectual deficiency. Based on a praxis in which the psychoanalytic theory guides the practice, the author proposes to develop a critical reflection on the forms of interaction the subject establishes with what is unusual for him/her, and in this case, the handicapped person. The aim of the author is that this discussion may open new paths that can contribute to the reflection on proposals for the inclusion of people with intellectual deficiencies and to establish possible ways of social bonds that are more suitable to this situation.