Este estudo tem a intenção de apontar e discutir algumas possíveis articulações teórico-metodológicas e estéticas entre a psicologia cultural, a filosofia e a poesia em torno das no-ções de alteridade, dualismos e futuridade a partir de três enunciados do poeta francês Arthur Rimbaud (1854-1891) extraídos das suas Cartas do Vidente e tomados como iluminações de sua perspectiva poético-visionária para a perspectiva teórico-metodológica do construtivismo semiótico-cultural em psicologia (Simão, 2010). Visando expressar a pluralidade de experiên-cias no campo complexo das relações dialógicas de alteridade Eu-Outro-Mundo-caótico, a pesquisa é construída esteticamente como um mosaico, com base na filosofia de mosaico de William James e na polifonia de vozes de Mikhail Bakhtin, e constituída de três partes teóri-cas e uma experimental. Nas três partes teóricas, os enunciados rimbaudianos Eu é um outro, Racional desregramento de todos os sentidos e A poesia não marcará mais o ritmo da ação; ela estará na frente são endereçados, respectivamente, às noções de enunciado, dialogismo e polifonia de Mikhail Bakhtin, dos fatos afetivos ambíguos num mundo de experiência pura do empirismo radical de William James, e de futuridade em Jaan Valsiner. Na quarta parte, de-senvolveu-se a experimência (experimento+experiência) Andarilha sem razão e seus outros corpos-selves, originária da conjunção entre as linguagens teórico-metodológica e poética. Na tentativa de articular o dualismo razão-desrazão através da ambiguidade, é elaborada a noção de razão da desrazão. Rimbaud foi um poeta-visionário, renovador da poesia, andarilho-errante e migrante de espaços geográficos, corporais e mentais. Sua obra agenciou e ainda agencia amplamente a literatura, a filosofia, as artes visuais, o cinema, a música e a psicologia dos séculos XX e XXI. Trazê-la para o âmbito da psicologia e da filosofia é fazer da poesia uma interlocutora dos diálogos, debates e estudos de temas pertinentes àqueles dois campos do conhecimento

This study intends to point out and discuss some theoretical-methodological and aesthetic connections among cultural psychology, philosophy and poetry related to the notions of oth-erness, dualisms and futurity by taking three utterances of the French poet Arthur Rimbaud (1854-1891), selected from his Letters of the Seer as illuminations of his poetical and vision-ary perspective towards the theoretical-methodological perspective of semiotic-cultural con-structivism in psychology (Simão, 2010) and cultural psychology. Aiming to express the plu-rality of experiences in the complex field of the I-Other-chaotic World dialogical relation-ships, this research is aesthetically shaped as a mosaic based on William James mosaic phi-losophy and Mikhail Bakhtins polyphony of voices, and it has three theoretical parts and a experimental one. In the three theoretical parts, the Rimbaudian utterances I is an other, Ra-tional derangement of all the senses and The Poetry will no longer rhythm the action; it will be forward are respectively addressed to the notions of dialogism and polyphony according to Mikhail Bakhtin, ambiguous affectional facts in a world of pure experience according to Wil-liam James and futurity according to Jaan Valsiner. The fourth part consists in the experimence (experiment+experience) "Wanderer without reason and her other selves-bodies", originating from the conjunction between the theoretical-methodological and the poetical languages. In an attempt to articulate the reason-unreason dualism through the ambi-guity, the notion of reason of unreason is to be elaborated. Rimbaud was a visionary-poet, renovator of poetry, wandering-wanderer and migrant of geographic, body and mental spaces. His work broadly addresses literature, philosophy, visual arts, movie, music and psychology of XX and XXI centuries. Bringing it to the context of psychology and philosophy means to make the poetry as an interlocutor within dialogues, discussions and studies about relevant issues to those two fields of knowledge